Saia do casulo

Já amanheceu.

O céu está cinza como sempre nessa estação. O Sol não consegue ultrapassar a barreira das nuvens e da melancolia que assolam o meu coração. Toma conta de mim uma vontade avassaladora de não me mover, uma vontade de cobrir a cabeça com o travesseiro e voltar para o mundo dos sonhos que é o meu refúgio. Me perco em pensamentos e preocupações, ando para todos os lados no meu pequeno cubículo em busca de uma saída. Não há portas nem janelas. A única saída a irremediável e sem volta.

Quantas vezes precisamos tomar decisões que na hora nos pareceram indissolúveis? Quantas vezes o nosso único desejo é voltar para o nosso casulo para soluçar e paz?

Sair da toca e buscar a nossa realização parece muito mais difícil em alguns dias.

O sucesso de nossos ídolos parece ter sido conquistado de maneira tão fácil e simples que nos perguntamos constantemente, onde foi que eu errei? Por que não sou tão bom assim? Será que eu realmente tenho talento? E quando abrimos a porta para os sentimentos de dúvida e incerteza, tudo parece ir ladeira abaixo. Segurar com as próprias costas já cansadas de toda a jornada todo o mundo caindo sobre você é um grande fardo.

E, quem disse que temos que levar o mundo em nossas costas? Muitas vezes penamos para carregar o nosso próprio peso, quem dirá levar tudo como um caracol. Nessa bagagem, nem todos os itens são de sobrevivência ou primeira necessidade. Avalie se é necessário levar pacotes de orgulho, egoísmo e expectativas alheias. O orgulho e o egoísmo só nos afastam e criam uma barreira para evitar qualquer aproximação, já as expectativas dos outros, bem elas não são nossas mesmo, para que carregá-las consigo? Esses três pontos não podem ser a referência na construção do nosso caminho.

A leveza e a disposição podem falhar em alguns dias, afinal somos todos humanos e mortais, mas que a garra e a força de vontade sejam maiores para nos tirarem da cama até nos dias mais cinzentos.

Por: Taíla Quadros





Relaxa, dá largas à tua imaginação, identifica-te!