“Onde te vês daqui a cinco anos?” É uma pergunta padrão que ouvimos durante entrevistas, testes e até mesmo em torno da mesa de jantar de Natal. Algumas pessoas são capazes de responder até o ano e mês exatos em que planeiam se casar. Outras nem sequer sabem o que planeiam fazer amanhã.
Algumas pessoas encontram conforto no planeamento das suas vidas, talvez porque isso lhes dá confiança para fazerem o que quer que elas estabeleçam para si mesmas. Ou talvez faça com que se sintam menos ansiosas com o desconhecido e tenham uma folha em branco sem nada para escrever.
Eu era alguém que sempre costumava ter um plano. Eu tenho mantido uma agenda na minha bolsa durante muitos anos para anotar qualquer coisa que eu precise de fazer, de forma a sentir-me bem comigo mesma quando terminar. Durante um tempo, eu achei que a minha vida estava a caminhar na direção certa, mas entretanto começou a andar em espiral e eu acabei por ficar a contemplá-la muito e a recriar o meu novo normal. Dizem que a mudança é boa, mas o que acontece quando muita coisa chega a ti de uma vez só? Eu não sou uma pessoa que lida bem com mudanças, e o que eu passei foi o suficiente para quase me empurrar para fora da borda.
“(…) por mais que eu pense sobre tudo o que passei e a quantidade de mudanças que eu sofri, eu não mudaria nada.”
Mas aqui está a coisa, por mais que eu pense sobre tudo o que passei e a quantidade de mudanças que eu sofri, eu não mudaria nada. Porque acredito que tudo o que aconteceu comigo na minha vida foi por uma razão. E isso é uma coisa difícil para eu admitir.
Eu não acho que eu poderia explicar para mim mesmo, mas alguém poderia? Alguém seria capaz de entender como a vida funciona e por que as coisas boas ou más acontecem connosco? Eu sei que todos nós desejamos que tudo nos corra bem – eu certamente desejo. Mas acho que se tivéssemos tudo com o que sonhamos sem nos preocuparmos, não apreciaríamos a longo prazo. Não poderíamos olhar para trás e dizer aos nossos entes queridos o quanto trabalhámos para conseguir o que queríamos. No final, ficaríamos desapontados connosco mesmos.
Às vezes sinto que a vida está a tentar baralhar a minha cabeça. Terei ótimos dias e coisas boas a acontecer comigo, tudo isso para ter de parar porque algo no caminho dá errado. O pior disso é que, às vezes, nem damos pelos problemas a chegarem e não podemos controlá-los, por isso somos obrigados a aceitar esse novo normal na nossa vida.
Eu poderia sentar aqui e falar sobre todas as coisas boas e más que aconteceram comigo nos últimos nove meses, mas isso mudaria alguma coisa? Não. Seria apenas eu a desabafar com um monte de pessoas sobre os meus problemas de vida e preocupações, em vez de aprender a seguir em frente de forma saudável.
Porque aqui está a dura verdade: não podemos controlar a maneira como a nossa vida acaba.
Nós não nascemos e recebemos um livro que nos diz tudo o que vai acontecer na nossa vida, e nada vai mudar isso. Não é esse o caso. Porque se fosse, então eu estaria a morar sozinha na cidade com o emprego dos meus sonhos como escritora de uma revista, e isso não é nada parecido com o que minha vida é.
Eu não estou a dizer que a minha vida não é ótima do jeito que é agora. Eu estou feliz com a forma como as coisas estão a correr e para onde a minha vida caminha actualmente. Eu tenho muito a agradecer por isso, eu não acho que eu teria apreciado se a minha vida fosse da maneira que eu planeei que fosse.
Eu não te posso dizer por que certos eventos na nossa vida acontecem. Eu não te posso dizer por que às vezes não consegues o emprego que querias, ou porque a pessoa com quem pensavas que passarias o resto da tua vida muda de ideia, ou porque às vezes fazes as malas e sais do lugar que pensaste que gastarias mais tempo para te moveres para algum lugar novo e inesperado.
Mas posso dizer-te uma coisa: um dia vais olhar para trás quando estiveres mais velha e sorrir para esses momentos maus, porque isso te levará aonde acabarás no futuro.
Eu posso garantir que estarás com um trabalho melhor, uma pessoa melhor e um lugar melhor do que todos aqueles que achavas que eram bons o suficiente para ti antes.
Talvez não acredites agora porque é muito difícil olhar para o futuro. Eu sei, estou percebo-te. Mas estou a aprender a aproveitar cada dia e a ser grata pelo que tenho ao meu redor. E isso é um trabalho para o qual eu amo ir porque eu formei amizades incríveis, um homem que faz ciúmes ao sol por iluminar tanto a minha vida, e um lugar para o qual eu posso ir para casa que não me deixa mais ansiosa ou deprimida e no limite.
Por isso, apenas confia que a vida está a levar-te para a direção certa. E quando surgirem algumas reviravoltas, agarra-as com graça e continua a avançar.
Texto traduzido e adaptado pela equipa de Sábias Palavras
Fonte: Thought Catalog
Autora: Kirstie Devine
Imagem de capa: Reprodução