Nem toda panela tem tampa. Nem todo mundo nasceu com talento para ter uma família. Nem todo mundo acredita naquela coisa de castelo, mas respeita quem tem um. Nem toda mulher sozinha é amarga ou ácida. Nem todo mundo precisa de outro alguém para viver bem ou feliz.
“Ser solteira é detalhe e não é falta opção.”
De repente, aquela vizinha silenciosa te faz a bendita pergunta: você é casada? Então, você a responde sem vontade, por educação ou querendo escapar da situação. Tem gente que nasceu indiscreta mesmo e nem percebe, então releve. Ser solteira é detalhe e não é falta opção. Ser solteira não é falta de sorte, nem do destino ou do acaso, é simplesmente ser sozinha, e isso não significa ausência de felicidade.
Tem gente que se dá muito bem sozinha na cama de casal, que gosta de almoçar consigo mesma, que não precisa de ninguém para trocar o gás, e que depende apenas da escada para abrir aquela porta alta da despensa. Tem gente que ama tomar uma taça de vinho solitária, e fumar um cigarro na varanda de madrugada apreciando o nada. Tem gente que não tolera sequer o barulho da família do andar de cima, que não consegue ver uma criança chorando por dois segundos, que não sujeita regras e privações. A verdade é que tem gente que não acredita em conto de fadas, mas sim em histórias de vida. Nem todo mundo nasceu com tanta determinação para ter um marido, filhos e viver vinte quatro horas por dia em função da família, mas pode levar a vida sozinha e com leveza.
Nem todo mundo precisa se casar para ser feliz. Casamento não completa ninguém. O que completa uma pessoa é a vontade que ela tem de viver com dignidade e paz. Um marido é muito bom, é perfeito para quem precisa de um, mas para tantas mulheres por aí, basta apenas a liberdade de ir e vir, sem aquele compromisso de juntar as diferenças.
Ser solteira é apenas um estado civil, e que não traduz quem a pessoa é. Ser solteira é chegar em casa sem aquele compromisso do que tem hoje para o jantar, porque pode ser apenas um copo de suco, um pote de iogurte ou pão de três dias para despistar o estômago. Ser solteira é ter aquele canto aconchegante e de qualquer cor, sem ter que que escutar o outro. Ser solteira é sair por aí, caminhar, parar na sorveteria sem ter pressa de voltar para casa.
Isto tudo também é ser feliz, são prazeres bons que são compatíveis com quem optou por ter uma família.
Ser solteira, casada, juntada, tico-tico no fubá ou o que for, é apenas um estado e nada mais do que isso, porque nenhuma aliança no dedo é garantia de felicidade, assim como ser sozinha também incomoda muita gente. O melhor estado civil é ser feliz, porque quem consegue sentir alegria consigo mesmo, sabe viver a vida em estado de graça; e quem vive uma vida a dois de paz, encontrou parte do paraíso.
Nem todo mundo tem a obrigação de ter uma família para ser feliz ou para satisfazer uma sociedade ainda arcaica, que vive e acredita que uma vida a dois significa segurança, complemento e felicidade. Não! Ser feliz é mais do que ter alguém, ter posses, ter bens, ter isso ou aquilo. Ser feliz é se sentir livre com você mesma, é olhar à sua volta e ser grata porque você conquista a vida todos os dias com leveza.
O melhor estado civil é a liberdade de ser você mesma, solteira, casada, enrolada, vivendo junto com alguém… mas feliz.
Por: Simone Guerra
Imagem de capa: Andrea Piacquadio no Pexels