A história da brasileira Marina Neves, segundo entrevista ao Universa do portal UOL, é de que ela parou de estudar na 4ª série e se casou muito nova, antes mesmo de completar 18 anos, já tinha seu primeiro filho.
Aos 40 anos, além dos filhos, Marina já tinha netos e passou também a cuidar deles, e por criar os filhos e cuidar da família, o tempo passou e nunca pensou em volta a estudar, por conta da idade avançada.
Desde seus 7 anos, após o falecimento de seu pai e por conta das dificuldades financeiras da família, Marina já começou a trabalhar de empregada na casa de sua professora, além de ajudar a cuidar de seu irmão mais novo.
Aos 16 anos, se casou e logo teve o seu primeiro filho. Seu segundo filho veio quando tinha 22 anos, e assim foi sua vida, foi criando os filhos, enquanto o marido, Sergio, trabalhava na indústria têxtil.
Quando seus filhos se casaram e tiveram filhos, seus netos foram cuidados por ela.
Além disso, Marina cuidou do sogro de 90 anos durante 5 anos, onde a mulher precisou cuidar dele até o dia em que faleceu.
Até que um dia, Marina conversou com seu marido sobre ela voltar a estudar, recebendo apoio imediato.
Com a ajuda de amigos, aos 52 anos, Marina se matriculou no EJA (Educação de Jovens e Adultos) e com o incentivo de seus professores e funcionários da escola, conseguiu terminar o ensinou fundamental.
Empolgada com tudo que estava aprendendo, no ano seguinte Mariana se matriculou na escola para dar continuidade nos estudos e conseguiu concluir o ensino médio.
Determinada, ela começou a traçar planos para fazer faculdade, desafiando qualquer crítica que houvesse no caminho.
Uma das áreas de seu interesse era a jurídica, por isso a mulher conversou com seu amigo pastor para realizar testes vocacionais, e só assim teve a certeza de que o curso escolhido tinha que ser Direito.
Logo, ela começou a faculdade de Direito em uma universidade pública, cursando 5 anos de faculdade.
Mariana era a aluna mais velha da classe, e com a ajuda dos professores e muita dedicação e abdicação, ela se formou.
Com o diploma de direito em mãos, após vários anos sem estudar, ela estava feliz e orgulhosa por todo o caminho que havia percorrido para chegar até ali.
Mas ainda tinha a prova da Ordem Advogados do Brasil (OAB).
E após várias tentativas fracassadas, a senhora conseguiu sim receber sua carteira de advogada.
Ela teve consciência de sua representatividade, pois era a única mulher negra com idade avançada no evento. Agora, aos 64 anos, a advogada quer realizar sua pós-graduação em Direito Penal e se especializar na Lei Maria da Penha.
“Quero que minha história seja exemplo para que mais mulheres assim como eu possam chegar aonde eu cheguei. Mesmo com dificuldades e obstáculos que temos nos dias de hoje, é possível.”, disse Marina Neves, 64 anos, advogada, de Bauru, São Paulo, Brasil.
Imagem de Capa: Reprodução Arquivo Pessoal