A catadora Roseli Ferreira Alves, virou influenciadora na internet e conta com cerca de 800 mil seguidores.
Em suas redes sociais, ela mostra como é o dia a dia de catadora.
“Olha o ‘achadinho’ de hoje, pessoal”, diz a influencer no começo de seus vídeos.
Roseli encontra várias coisas interessantes na estação de transbordo de lixo de Miracatu (SP), como roupas, eletrônicos, perfumes e vários outros itens.
Ela conta que já encontrou relógios, produtos de beleza lacrados e até mesmo 4kg de carne.
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No entanto, ela diz que já encontrou tanta coisa diferente mas prefere manter em segredo, já que ninguém acreditaria.
“Não faço vídeo de tudo que a gente acha porque é muita coisa. Tem gente que pensa que é mentira. Então tem coisa que a gente não mostra mesmo”, disse Roseli.
“Fico com dó [de ver tanta comida boa jogada no lixo] porque, se você pedir um prato de arroz para sustentar sua família, eles [comerciantes] não dão. Chamam de ‘vagabundo’, dizem que a gente ‘não tem vontade de trabalhar’, mas aí pegam e jogam a comida fora. Dono de mercado é a mesma coisa: diz que não pode doar, mas tem vezes que joga um carro [cheio] de coisa fora.”
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Roseli conta um pouco da sua história com os lixões. Ela relata que sua mãe e padrasto viviam pegando coisas de lá, já que não tinham condições financeiras para comprar.
Do mesmo modo, quando teve seus quatro filhos, ela desabafa de quando se separou de seu companheiro.
“Foi muito sofrido. Às vezes, os meus filhos não gostam que eu fale porque eles começam a chorar. Era mãe solteira, com filhos pequenos, não tinha condição de pagar ninguém para tomar conta das crianças.”
Ao entrar em desespero por não ter o que dar de comer, Roseli machucou suas mãos enquanto procurava itens no lixo.
Dessa forma, tendo que fazer cirurgia.
Logo depois, começou a trabalhar em uma cooperativa quando se recuperou.
Também conta que pegava restos de carnes que eram descartados por açougues de seu bairro.
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Sucesso nas redes sociais
O seu trabalho no mundo virtual começou quando ela publicava vídeo no Youtube. Desse modo, pediu ajuda da sua sobrinha para publicar nas outras rede sociais e de certa forma, mostrar a sua realidade.
No entanto, um de seus filhos foi contra, por medo das pessoas tirarem sarro da sua vida e de sua aparência.
De tal forma que os comentários maldosos vieram.
“Ninguém acredita na gente. ‘Ah, porque tem não sei quantos seguidores, está bem, está rica’. Mas ninguém sabe o que acontece na minha casa”, desabafa.
“A pessoa já começa a tapar o nariz [quando entramos em algum lugar]. Isso é chato porque tudo é trabalho. Se eu estivesse roubando, vendendo droga, poderia me envergonhar, mas estou em um serviço honesto. Eles mexem muito com a minha gordura, meu Deus do céu. Se cada vez que mexessem comigo [na questão da aparência], eu perdesse dez gramas, eu era a mulher mais magra do mundo”, conta sobre o preconceito que sofre.
Atualmente, Roseli e sua família conseguem viver com o dinheiro gerado em suas redes sociais, com rifas que ela faz sorteios aos seguidores e vendas de reciclagem.
“[O dinheiro que eu recebo] é quase para a família inteira. É para minha mãe, dou uma ajudinha para minha irmã, parentes pedem ajuda também.”
Apesar disso, afirma que ainda consome alimentos que encontra no lixão, mas apenas não perecíveis e dentro da validade.
“Não posso cuspir no prato que eu comi, mas, para mim, seria o dia mais feliz da minha vida quando eu e minha família deixarmos o transbordo. Não adianta ficar lá trabalhando com meus filhos, sabendo que, quando ficarmos velhos, as doenças virão.”
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Com informações UOL
Imagem de Capa: UOL