O Brasil fará parte de um experimento sobre a jornada de trabalho semanal de quatro dias a partir de julho de 2023. Esse experimento é fruto de uma parceria entre a organização sem fins lucrativos 4 Day Week e a brasileira Reconnect Happiness at Work.
Assim, a iniciativa avaliará o impacto da carga horária reduzida em indicadores como estresse da força de trabalho, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, resultados financeiros e rotatividade.
Desse modo, as empresas interessadas em participar devem preencher um formulário. Ele está disponível no site da 4 Day Week e pagar um custo que ainda não foi definido.
O modelo a ser implementado nas empresas participantes consiste em trabalhar 80% do tempo, mantendo 100% da produtividade e recebendo 100% do salário.
Renata Rivetti, diretora da Reconnect e especialista em felicidade corporativa, destaca que o número de horas trabalhadas não é proporcional à produtividade.
De acordo com ela, as empresas que adotaram perceberam maior atração e retenção de talentos, envolvimento mais profundo do cliente e melhor saúde e felicidade dos colaboradores.
Além disso, a semana de quatro dias de trabalho pode trazer ganhos em saúde mental para os trabalhadores. Pesquisa da empresa de consultoria McKinsey com 15 mil funcionários de 15 países aponta que 59% das pessoas passaram ou estão passando por um desafio relacionado à saúde mental.
“A adoção da semana de quatro dias é boa para a empresa, para os clientes, para os colaboradores e para a sociedade. Será uma revolução no mundo do trabalho, possibilitando mudanças em nossa forma de atuarmos, de forma mais produtiva e saudável”, explica Rivetti.
Testes em outros países
Nos Emirados Árabes Unidos, desde janeiro de 2022, todos os funcionários de órgãos públicos trabalham apenas quatro dias úteis por semana, totalizando 36 horas semanais.
No Reino Unido, cerca de 60 empresas participaram de um teste com a semana de trabalho de quatro dias durante seis meses.
Entretanto, as companhias puderam escolher entre uma jornada de 8 horas por dia durante quatro dias ou as mesmas 32 horas divididas em cinco dias.
A grande maioria das empresas participantes (92%) decidiu manter o formato de trabalho depois dos testes, com aumento médio de 35% na receita e redução de estresse e burnout dos funcionários.
No início de 2022, a Bélgica implementou a semana de quatro dias, permitindo que os trabalhadores escolhessem entre quatro ou cinco dias de trabalho por semana, com o mesmo salário.
Entre 2015 e 2019, a Islândia realizou o maior piloto do mundo, reduzindo a jornada semanal de trabalho de 40 horas para 35 ou 36 horas. Cerca de 2,5 mil pessoas participaram dos testes e os resultados, com as empresas tendo maior ou igual produtividade, levaram os sindicatos a negociar a jornada de trabalho.
Em 2015, a Suécia testou a semana de trabalho de quatro dias com expediente de 6 horas e obteve resultados mistos. Enquanto alguns partidos de esquerda julgaram que a implementação da medida sairia cara, algumas empresas decidiram adotar a mudança, como a Toyota.
Por fim, a Espanha também está realizando testes com a semana de trabalho de quatro dias em pequenas e médias empresas industriais.
Dessa forma, 25% a 30% dos funcionários trabalharão pelo menos 10% menos horas. O governo está oferecendo até 200 mil euros por candidatos e pelos custos de consultoria necessários para se adequar ao novo método.
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