O adolescente Lucas Jemeljanova tinha apenas seis anos quando foi diagnosticado com uma forma de câncer chamada glioma pontino intrínseco difuso (DIPG).
Este é um tipo raro e agressivo de câncer que afeta o cérebro e mata cerca de 98% dos pacientes cinco anos após o diagnóstico inicial. No entanto, as crianças diagnosticadas com a doença normalmente vivam entre nove e 12 meses.
Mas Lucas desafiou as expectativas e agora se recuperou da condição.
Anteriormente, o único tratamento que os médicos conseguiam oferecer para este tipo específico de câncer era a radioterapia. Mas Lucas, que vive na Bélgica, viajou com os pais para França, onde participou do estudo Medicina Biológica para Erradicação do DIPG (BIOMEDE).
Este estudo foi iniciado em 2014 e consistiu em testar a eficácia de três medicamentos contra o câncer – erlotinibe, everolimus e dasatinibe.
Em uma parte crucial deste estudo, os pesquisadores extrairam um pequeno fragmento do tumor de cada paciente usando uma agulha. Este fragmento foi analisado e usado para construir uma imagem mais clara da composição biológica e das necessidades únicas de cada paciente.
Como resultado, eles conseguiram atribuir o medicamento que consideraram mais eficaz para cada paciente, sendo que Lucas recebeu everolimus.
Apresentando um desenvolvimento extraordinário, o tumor de Lucas acabou desaparecendo completamente.
Mais outras sete crianças que participaram do ensaio tiveram como resultado uma diminuição de seus tumores e a sua esperança de vida aumentar. Lucas foi a única pessoa no experimento que o tumor desapareceu completamente.
O Dr Jacques Grill, que acompanhou Lucas no estudo, ficou surpreso com o resultado. “Não conheço nenhum outro caso como ele no mundo”, disse ele.
O medicamento everolimus nunca havia sido utilizado no tratamento do DIPG antes. Funciona bloqueando um tipo de proteína que está envolvida na divisão e no crescimento das células cancerígenas.
No entanto, os médicos acreditam que a biologia particular de Lucas pode ter sido um fator na sua recuperação e estão esperançosos com o que sua recuperação pode significar.
A pesquisadora Marie-Anne Debily disse à AFP: “O caso de Lucas oferece uma esperança real. Tentaremos reproduzir in vitro as diferenças que identificamos em suas células.”
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