Recentemente, a plataforma de streaming Netflix, lançou a série “O Problema dos Três Corpos” que cativou muitos telespectadores. Mas afinal, o que torna esta série tão cativante?
A resposta pode estar na sua fascinante abordagem de um dos dilemas mais intrigantes da astronomia e física: o problema dos três corpos.
No ano de 2006, o renomado engenheiro e escritor chinês Liu Cixin lançou um romance que viria a se tornar um fenômeno literário: “O Problema dos Três Corpos”.
A trama gira em torno de um grupo de cientistas que se deparam com uma civilização alienígena distante. Porém, além do drama humano que permeia a narrativa, Liu baseou sua história em um conhecido problema da mecânica orbital: o dilema dos três corpos.
De acordo com o astrofísico Chris Lintott, da Universidade de Oxford, enquanto Isaac Newton pôde prever com precisão o movimento de dois corpos celestes interagindo sob a influência da gravidade, a adição de um terceiro corpo ao sistema desencadeia um caos imprevisível.
Esse desafio é crucial, uma vez que a compreensão das leis da gravidade de Newton revolucionou a astronomia. Dessa maneira, permitindo prever, por exemplo, o movimento da Terra em torno do Sol.
No entanto, em sistemas com mais de dois corpos, como explica Lintott, a adição de um terceiro corpo gera uma imprevisibilidade que desafia até mesmo as leis fundamentais da física.
Portanto, esse enigma se deve ao princípio de conservação de energia do Universo, que impede a criação ou destruição de energia. Assim, tornando difícil prever o comportamento desses corpos celestes.
Entre estabilidade e caos
Tanto no romance de Liu quanto na adaptação da Netflix, os personagens enfrentam um planeta, San-Ti, com um sistema solar composto por três sóis, alternando entre eras estáveis e caóticas.
Dessa forma, ilustra de forma vívida os desafios enfrentados pelos cientistas ao estudar sistemas de três corpos no vasto cosmos.
Apesar dos avanços tecnológicos e computacionais, o problema dos três corpos permanece sem solução definitiva. Enquanto os cientistas têm feito previsões estatísticas com base em simulações computacionais, o verdadeiro comportamento desses sistemas complexos ainda escapa ao nosso entendimento.
Resolver o enigma dos três corpos não apenas aprofundaria nossa compreensão da formação e fusão de buracos negros, como também poderia lançar luz sobre a evolução do próprio Universo.
No entanto, como ressalta o professor Jonathan Blazek, da Northeastern University, o futuro do nosso próprio sistema solar permanece incerto, pois é, em última análise, um sistema multicorpo sujeito a mudanças imprevisíveis ao longo do tempo.
Imagem de Capa: Reprodução/Netflix/Canva