O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, emitiu um alerta mundial durante o Fórum das Ilhas do Pacífico, em Tonga, após divulgar novos relatórios preocupantes sobre os impactos causados pelas alterações climáticas.
Ele revelou sobre uma rápida elevação do Oceano Pacífico, e de que as temperaturas nos mares da região estão subindo muito mais rapidamente do que as médias globais. Desta forma, afirmou que as nações da região se encontram em “grave perigo” por causa do aumento do nível do mar.
“A subida do nível dos mares é uma crise inteiramente criada p humanidade.
Uma crise q em breve atingirá uma escala quase inimaginável.”
Em Tonga, @antonioguterres pede cortes das emissões, eliminação combustíveis fósseis e + investimentos climáticos https://t.co/2YAOurp1eZ pic.twitter.com/oe3ZYKzGFx
— Nações Unidas (@NacoesUnidas) August 27, 2024
Um dos relatórios, divulgado nesta terça-feira (27/8), da Organização Meteorológica Mundial (OMM), mostra que as temperaturas da superfície do mar no sudoeste do Pacífico aumentaram três vezes mais rápido do que a média global desde 1980.
E também, que as ondas de calor marinhas na área praticamente dobraram de frequência desde 1980, e que agora são mais intensas e duradouras.
Em outro relatório, pesquisadores afirmam que a crise climática e o aumento do nível do mar não são mais ameaças distantes para o mundo. O documento mostra que o nível dos mares subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos em algumas partes do Pacífico.
O aumento do nível do mar é consequência do aquecimento global, que causa o derretimento das calotas polares. À medida que as temperaturas aumentam, o gelo derrete e o mar sobe de nível.
O derretimento do gelo e a expansão da água do mar, afetam muito mais esses pequenos países, pois são ilhas em sua maioria.
Segundo o documento, o aumento do nível do mar em alguns locais, como Kiribati e Ilhas Cook, foi similar ou um pouco abaixo da média mundial. No entanto, em lugares como as capitais de Samoa e Fiji, a elevação foi quase o triplo da média — de 31 centímetros e 29 centímetros, respectivamente.
De acordo com Guterres, o aumento do nível do mar tem “poder incomparável para causar estragos em cidades costeiras e devastar economias costeiras”. E que as ilhas do Pacífico estavam “excepcionalmente expostas”. Isso porque 90% das pessoas vivem a 5 km da costa e cerca de 50% da infraestrutura está localizada a 500 metros do mar.
Se o mundo esquentar 3°C acima dos níveis pré-industriais, cálculo esperado pelas políticas atuais, as ilhas do Pacífico “podem esperar pelo menos 15 cm de aumento adicional do nível do mar até meados do século e mais de 30 dias por ano de inundações costeiras em alguns lugares”, segundo o secretário-geral da ONU.
“Estou em Tonga para emitir um SOS mundial [‘salvem nossos mares’, do inglês ‘save our seas’] sobre a rápida elevação dos níveis do mar. Uma catástrofe em escala mundial está colocando em risco este paraíso do Pacífico”, afirmou Guterres.
País pode desaparecer em alguns anos
Segundo os cientistas, Tuvalu, um país insular de baixa altitude, poderá desaparecer nos próximos 30 anos, mesmo que o aquecimento global se torne moderado.
“É um desastre atrás do outro, e estamos perdendo a capacidade de reconstruir, de suportar outro ciclone ou outra inundação”, disse Maina Talia, ministro do Clima de Tuvalu. “Não devemos fechar os olhos às mudanças climáticas e ao aumento do mar”, disse.
Alguns dias em Tonga permitiram-me ver de perto como as pessoas têm de suportar regularmente os impactos da crise climática:
Desde chuvas torrenciais e inundações até à subida do nível do 🌊 q obriga famílias a deslocarem-se.
O 🌎 tem de tomar medidas de #AçãoClimática urgente. https://t.co/zjnVrivKgK
— Nações Unidas (@NacoesUnidas) August 27, 2024
Imagem de Capa: Reprodução/Canva