Recentemente, um estudo publicado na Biological Psychiatry, afirmou que a meditação mindfulness (ou “atenção plena”), uma prática derivada de tradições hindus e budistas, pode ser uma ferramenta eficaz para o alívio da dor.
Os pesquisadores utilizaram exames de ressonância magnética cerebral para analisar como a meditação afeta a percepção da dor. Portanto, os resultados indicam que essa prática pode ser uma alternativa não medicamentosa para tratar desconfortos físicos, especialmente em pessoas que sofrem de dores crônicas.
De acordo com o estudo, a meditação mindfulness envolve focar a atenção no momento presente, aceitando pensamentos e sensações sem julgamento. Dessa maneira, pode ajudar a modificar a maneira como o cérebro processa a dor.
Os participantes treinados em meditação mindfulness relataram menos desconforto durante os testes em comparação com aqueles que não praticaram a técnica.
Portanto, os pesquisadores dividiram 115 participantes em grupos. Um grupo recebeu treinamento em meditação mindfulness e outro foi submetido a tratamentos placebo, como um creme que supostamente reduziria a dor.
Os pesquisadores submeteram todos os participantes a estímulos de dor controlados por meio de uma sonda térmica na panturrilha.
Resultados: Meditação versus placebo
A equipe de pesquisa utilizou ressonâncias magnéticas para identificar diferentes “assinaturas de dor”. A Assinatura de Dor Nociceptiva Específica (NPS), que mede a intensidade da dor, e a Assinatura de Dor Afetiva Negativa (NAPS), que reflete a resposta emocional à dor.
Desse modo, os resultados indicaram que aqueles que meditaram apresentaram uma redução significativa na intensidade e na resposta emocional à dor, em comparação com os outros grupos.
Contudo, o grupo que usou o creme placebo teve uma diminuição apenas na expectativa de dor, mas não nos níveis de intensidade ou desconforto emocional.
O anestesiologista Fadel Zeidan, da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), explica que o estudo mostra que a meditação mindfulness tem um impacto direto no controle da dor, que vai além do efeito placebo.
“Esses resultados sugerem que a meditação pode ser usada como uma intervenção eficaz para dores crônicas, separada de outros tratamentos baseados em placebo”, afirma Zeidan.
A meditação mindfulness oferece uma maneira natural e acessível de controlar a dor, sem a necessidade de medicamentos. Além de ser uma técnica prática, também traz benefícios para a saúde mental.
Zeidan e sua equipe estão otimistas quanto ao impacto dessas descobertas no tratamento de pessoas com dor crônica. Assim, a meditação pode ser integrada a terapias tradicionais para oferecer uma abordagem mais holística e eficaz no manejo da dor.
O próximo passo da pesquisa é explorar mais profundamente como a neurobiologia da atenção plena pode ser usada para beneficiar pessoas com condições dolorosas de longo prazo.
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