Então eu te vi chegar. Como quem não quer nada, meio perdido e com cara de tonto, pedindo para todo mundo se alguém sabia onde estava a mulher da sua vida.
Pediu para mim também e eu fiquei ali, parada, pensando. Pensava se não poderia ser eu essa pessoa ou se era alguém que você já conhecia ou talvez se devia haver alguém que já estava predestinada a você, com uma etiqueta com seu nome e endereço para poder ter procurar também. Ou quem sabe, quando vocês se encontrassem, os sinos badalariam, todos os pássaros levantariam voo e enfeitariam os céus de um mês de agosto chuvoso e sem graça.
Mas eu, que nunca fui de ficar esperando pelo milagre acontecer e que não recebi nenhuma indicação do que fazer ou de qual formulário deveria preencher, decidi ser a escolhida.
Como se faz isso, bem, na verdade eu não sei direito. Entrei sem pedir licença e disse que estava de passagem, só dando uma olhadinha como em uma loja de departamentos onde quero aproveitar a minha estada e não quero ninguém compartilhando desse momento. Você ficou encantado, mas ao mesmo tempo desconfiado, mas me ofereceu um lugar no sofá e uma xícara de café. E eu fiquei por ali.
Enquanto isso, você pensava como pode uma visita casual durar tanto e você não querer que ela vá embora nunca? Você fica aí preparando uma xícara de café atrás da outra para que eu fique um pouco mais e eu fico aqui, bebericando o meu café bem devagarinho, sem me importar que ele esfrie, apenas para poder ficar um pouco mais no seu coração.
Gostei desse lugar, gostei da decoração, tem lugar para mais um? Você fica ainda mais perdido e preocupado e me sinto aquela visita espaçosa que coloca os sapatos sujos em cima do sofá, abre a sua geladeira e come a sua sobremesa favorita, sem deixar nem um pedacinho para ti. Então você volta atrás e diz: espera, não é bem assim, pode ficar à vontade. A casa já não é mais a mesma sem você por aqui. Gosto disso, fique.
Então eu fico e tomo mais uma xícara de café.
Por: Taíla Quadros