Ela não costuma passar maquiagem, mas naquela virada de ano fez esse sacrifício. O cabelo estava elogioso. Um vestido vermelho que ganhara na semana anterior e que quando viu já sabia em qual ocasião usaria. Sandália coringa, que se pode usar com quase tudo, mas que traz um ar de bom gosto. Unhas também feitas. Tem vários perfumes, mas naquela noite passou o seu favorito.
Quando olhou no espelho gostou do que viu. Amigos elogiaram a foto do resultado. Lá foi ela. Ao chegar no ambiente as pessoas olhavam de cima a baixo e diziam palavras que elevavam a auto estima. Não era o estilo que ela se sentia confortável, mas estava gostando. Tudo parecia lindo. Ela se sentia bem consigo, amigos queridos e família amada juntos na comemoração num lugar em que ela considera sua segunda casa. Que momento perfeito!
“Imaginava que tudo ficaria ainda mais perfeito.”
Só que ela tem uma imaginação fértil. Imaginava que quando o relógio batesse meia noite sentiria uma cutucada no ombro. Imaginava que ele pediria desculpa. Imaginava que tudo ficaria ainda mais perfeito. Não porque ela gostasse dele, porque ele não deu o tempo necessário para isso ser gerado, desistiu antes.
Mas ela gostava da expectativa que ele gerou, das novas experiências e das novas sensações que ele trouxe. Não era uma mente apaixonada imaginando, era uma mente esperançosa de que aquelas coisas boas pudessem voltar de um jeito mágico.
“Ano novo, esperanças novas.”
Por fim, não aconteceu nada daquilo. Ninguém apareceu de surpresa ou desculpou-se. Tudo normal. Foi perfeito, mas ele podia ter deixado melhor ainda e não o fez. Ano novo, esperanças novas.
Por: Taínny Corrêa Galvão