Josefa Feitosa, mais conhecida por Jô, é uma mulher brasileira que aos 57 anos decidiu deixar toda a sua vida no Brasil para realizar um sonho antigo e viajar pelo Mundo. Hoje, com 59 anos, Josefa já visitou quase 40 países, desde Quênia, Ruanda, Uganda, Egito, Israel, Índia, Nepal, Laos, Portugal, Espanha, Holanda, Escócia, Suíça, Bélgica, Irlanda, entre tantos outros.
Tendo trabalhado como assistente social no sistema prisional do Ceará, vivendo uma vida com constantes ameaças devido à sua atuação na defesa de mulheres transexuais, Jô decidiu se “auto-condenar” à liberdade, tal como ela própria diz, ao conseguir a sua aposentadoria.
“A minha cabeça era um entulho biográfico dos outros“, disse ao G1, relembrando o seu trabalho de ouvir relatos e dar suporte a detentos, familiares e funcionários dos presídios. “Eu brinco e digo que resolvi me auto-condenar à liberdade e escrever a minha própria história”.
Assim sendo, em 2016, quando se aposentou, a mulher divorciada após um relacionamento conturbado, mãe de três filhos e avó de um neto, resolveu desafazer-se todos os seus bens materiais, ficando apenas com o essencial que cabe numa bagagem que a acompanha nas suas viagens. Desde então, só voltou ao Brasil em Março de 2018 para tratar de questões burocráticas, como colocar o seu apartamento para arrendar, tendo rumado logo de seguida em direcção a África do Sul, planeando apenas retornar ao Brasil em Abril de 2019 para renovar o seu passaporte, que começa a ficar sem páginas suficientes para os rumos da sua grande viagem pelo Mundo.
Assim que começou o seu sonho, Josefa criou uma página do Facebook ao qual chamou de Jô: Morando Onde A Mala Está que usa para partilhar a sua aventura e manter assim familiares e amigos informados sobre tudo.
“Há muita vida fora dessa caixinha que chamam de lar. Avô não foi feita para cuidar de neto”, disse a mulher, defendendo a sua ideia de que não acha justo ver mulheres a receberem os seus filhos e netos de volta em casa após casamentos desfeitos.
“O usual é os filhos sairem de casa e os pais ficarem com a síndrome do ninho vazio. Comigo foi o contrário. Mas vejo que ela se reinventou: vinha sendo mãe a vida inteira, mas resolveu ser outra coisa”, disse Lilith Feitosa, filha mais nova de Jô, que se encontrava a terminar a sua graduação como servidora pública quando a mãe lhe disse que iria sair de casa para viajar pelo Mundo.
Para concretizar este sonho antigo, Josefa economizou durante anos, cortando tudo o que considerava “luxo”, desde jantares fora, saídas ao fim-de-semana, comprar roupa nova, e até pintar o cabelo.
Desta forma, a mulher trocou hotéis caros e malas de rodinhas por mochilas, albergues e quartos coletivos, conhecendo assim inúmeras pessoas por todo o Mundo, desde uma congolesa que sabia falar português que conheceu no Camboja, ao português Victor com o qual teve um encantamento “passageiro” e viajou pelo Camboja e Vietnã de moto, o meio de transporte mais comum por lá.
Sem dúvida uma excelente forma de aproveitar a vida e a prova de que nunca é tarde para realizarmos os nossos sonhos!
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