A descoberta foi feita quando trabalhadores da construção civil viraram uma enorme laje de pedra coberta de pichações que estava encostada na parede da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém.
A pedra, com 2,4 metros de comprimento e 1,5 metro de largura, foi decorada com enfeites de fita, uma prática romana na Idade Média, e marcações distintas que levam os pesquisadores a acreditar que este foi o altar consagrado em 1149.
Acreditava-se que o altar havia sido destruído em um incêndio em 1808. “Para os historiadores, esta descoberta é uma sensação em vários aspectos”, disse a equipe da Academia Austríaca de Ciências (OeAW), que fez a descoberta.
“Primeiro, o fato de que a laje pôde ter permanecido escondida por tanto tempo em um edifício tão intensamente pesquisado como a Igreja do Santo Sepulcro — especialmente porque estava à vista de milhares de peregrinos e turistas todos os dias.”, afirmaram.
A Igreja do Santo Sepulcro é identificado como o local da crucificação e do túmulo de Jesus, localizada no Bairro Cristão da Cidade Velha de Jerusalém, um dos locais mais sagrados e especiais do cristianismo, onde recebe cerca de quatro milhões de visitantes por ano.
A igreja, que tem mais de 1.620 metros de diâmetro, foi construída no topo de um templo romano dedicado à deusa Vênus em 335 d.C.
A construção foi encomendada pelo imperador romano Constantino I e, durante a conversão, foi descoberto um túmulo que se acredita ser o de Jesus, que morreu quase 300 anos antes.
A Igreja do Santo Sepulcro foi atacada ao longo dos séculos, destruída pelo exército persa em 614, quase demolida em 1009 e depois incendiada durante os anos 1800, quando se acredita que o altar tinha sido perdido.
Alguns turistas faziam pichações na parte frontal da laje há muito tempo, o que pode explicar por que ela passou despercebida por séculos. No entanto, as decorações incomuns no lado voltado para a parede levaram os pesquisadores ao chamado “cosmatesco”.
“Essa técnica especial de produção para decoração em mármore era praticada exclusivamente por mestres de guildas na Roma papal, que transmitiam a habilidade de geração em geração”, compartilhou a equipe.
As obras de arte cosmatescas são consideradas muito apreciadas pelo Papa, tanto que raramente alguma foi encontrada fora de Roma e apenas uma na Abadia de Westminster foi encontrada fora da Itália. “O altar cosmatesco agora redescoberto em Jerusalém também deve ter sido criado com a bênção do Papa”, disseram os pesquisadores.
A tradição cristã diz que o corpo de Cristo foi colocado em uma laje cortada de uma caverna de calcário após sua crucificação pelos romanos. Ele ressuscitou três dias após sua morte, de acordo com as escrituras, e as mulheres que foram ungir seu corpo disseram que nenhum resto foi encontrado.
A evidência para isso não é definitiva, mas de acordo com Dan Bahat, um ex-arqueólogo distrital em Jerusalém e Galileia: “Podemos não ter certeza absoluta de que o local da Igreja do Santo Sepulcro é o local do sepultamento de Jesus, mas certamente não temos nenhum outro local que possa reivindicar uma autenticidade tão forte, e realmente não temos motivos para rejeitar a autenticidade do local”, disse Bahat.
Imagem de Capa: Reprodução
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