Uma artista conceitual e performática sérvia cujo trabalho é conhecido por explorar os limites do corpo, sua arte abre possibilidades da mente relacionando artista com seu público.
Em sua performance mais famosa, chamada ‘Ritmo 0’, Marina Abramović permitiu que o plateia fizesse o que quisesse com ela, sem nenhuma consequência. Ela não se moveria por seis horas e, não importa o que o público decidisse fazer com ela, ela disse que assumiria “total responsabilidade”.
Desta forma, Abramović colocou 72 objetos em uma mesa no qual os espectadores podiam usar como quisessem. Dentre eles estavam diversas coisas, como flores, perfumes e maçãs até itens mais sinistros, como lâminas de barbear e facas.
No início da performance, o público foi mais gentil em resposta à tarefa. Alguns simplesmente observaram a artista enquanto ela permanecia parada. Outros lhe entregaram rosas e seguraram suas mãos.
No entanto, as coisas tomaram um rumo sombrio no meio da apresentação quando as pessoas perceberam que não havia limites para suas ações.
À medida que a apresentação avançava, as ações do público tornaram-se mais extremas, deixando a artista em lágrimas. Ao final das seis horas, Abramović foi despida e uma faca foi enfiada entre suas pernas. Imagens angustiantes tiradas na época, mostram a artista chorando.
Outros relatos dizem que Abramović – que foi aclamada como “uma das artistas mais importantes da segunda metade do século XX” – acabou com uma arma apontada para sua cabeça, o que fez com que as pessoas interviessem e encerrassem a apresentação.
Em uma entrevista no canal do Instituto Marina Abramović no YouTube, ela chamou a atuação, que ocorreu em 1974, de “muito difícil”.
“No começo, nada realmente aconteceu”, ela afirmou. “O público foi muito legal. Eles me deram uma rosa, me beijavam, olhavam para mim, e o público ficou cada vez mais selvagem.”
Falando sobre o que aconteceu quando a performance finalmente chegou ao fim, ela continuou: “Eu comecei a me mover. Eu comecei a ser eu mesma […] e, naquele momento, todo mundo fugiu. As pessoas não conseguiam realmente me confrontar como pessoa.”
Ela acrescentou: “A experiência que tirei dessa peça foi que em suas próprias performances você pode ir muito longe, mas se deixar as decisões para o público, você pode ser morto.”
Refletindo mais sobre isso em uma entrevista de 2014 ao The Guardian, Abramović disse que estava pronta para o fim. “Eu tinha uma pistola com balas, meu querido. Eu estava pronta para morrer”, disse ela ao jornal. Ela continuou dizendo que se sentia “sortuda” por ter sobrevivido para contar a história.
Imagem de Capa: Reprodução
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