Reflexão

As carícias não se comem, mas alimentam

O mundo de hoje nos expõe a situações difíceis de intervenção, principalmente porque elas escapam amplamente do nosso controle. É o caso do desemprego, ameaças terroristas ou mudanças climáticas. Portanto, precisamos de estímulos emocionais que nos confortem em ambientes cada vez mais frios e distantes. Precisamos de carícias …

Isso não significa que o que precisamos é de uma lista permanente de dicas sobre como gerenciar nossos sentimentos e emoções. Também não é melhor encontrar oportunidades para nos distrair das dificuldades diárias e ansiedades de longo prazo. Ambos são importantes – oportunidades e conselhos – mas ficam aquém se apenas com eles pretendemos alimentar nossos corações.

«Mas mais, mais ternura acaricia. Devagar, as mãos estão atrasadas, voltam, também contemplam. – Jorge Guillén

Na verdade, o tipo de estímulo que nos ajuda a permanecer fortes são todos aqueles que nos permitem sentir-nos reconhecidos e apreciados. As carícias são, por excelência, aquele alimento que nossa mente precisa para crescer e ser mais resistente a problemas.

O mundo das carícias

O mundo das carícias não é apenas composto por atritos físicos (embora sejam uma parte fundamental deste universo). Também é composto por palavras e todos aqueles gestos afetuosos que podemos dar a nós mesmos. Há olhares e vozes que acariciam seu calor. Há palavras que são como uma carícia para a alma.

De fato, na psicologia transpessoal, supõe-se que as carícias também possam ser “negativas”. A esse campo correspondem os pequenos gestos sinceros de reconhecimento e também os de rejeição ou hostilidade.

Como essas atitudes podem ser carícias? São porque implicam o reconhecimento do outro, mesmo que seja negativo. No extremo oposto do mundo das carícias, está a total indiferença, o que significa a ignorância da existência do outro: uma comparação com o vazio que retira a pessoa ignorada – na frente do ignorante – de emoções e sentimentos. De qualquer forma, as carícias capazes de nutrir e enriquecer são o que podemos chamar de “carícias genuínas”. Essas expressões às quais até os animais são muito receptivos. Esses pequenos gestos que tornam um momento simples um momento especial.

A fome de carícias

As carícias são tão importantes para o ser humano que uma pessoa pode até ficar doente e morrer se não tiver pelo menos uma margem mínima de carícias, especialmente em nossos primeiros anos. Não ser acariciado entristece primeiro e depois deprime. Pressiona primeiro e depois mata.

No mundo de hoje, parece haver um apetite gigantesco por carícias, que não é conscientemente reconhecido. Isso é claramente visto no uso de redes sociais, por exemplo. Muitas pessoas publicam não tanto para expressar o que pensam e sentem, mas para alcançar esse “Curtir” que conforta e valida.

Todas as ações destinadas a atrair a atenção dos outros provavelmente partem da fome de carícias. É uma maneira de gritar “aqui estou eu”. É uma maneira de pedir aos outros que reconheçam nossa existência, porque, finalmente, não deixamos de ser mamíferos evoluídos, que precisam desesperadamente de outros.

Acaricie e seja acariciado

Nem todos sabemos acariciar, nem todos permitimos ser acariciados. Na realidade, existem poucos que são suficientemente treinados nesta arte em particular. A questão que surge então é: por que, se todos precisamos de carícias, alguns impedem o caminho que as torna possíveis? A resposta é apenas uma: por medo. É o medo que nos leva a levantar grandes barreiras na frente dos outros; mostrar-nos como seres perfeitamente autônomos e independentes, embora desejemos ardentemente ter laços estreitos com os outros.

A ideia de que o ideal está na total independência, na ausência de condicionamento por outros, é constantemente promovida. A verdade é que a ideia tem tanta coisa que muitos lutam diariamente para tornar essa fantasia realidade, como se a luta para defender a independência pudesse ser mantida eternamente nessa característica “oposta” dos adolescentes. Mas, como diz a máxima, eles se tornam “carvalhos que primeiro quebram, em vez de dobrarem”. Embora isso possa ser visto como uma grande virtude em certas áreas, a verdade é que o preço emocional pago é muito alto.

Pessoas verdadeiramente fortes não nascem de tratamento rude ou independência a todo custo. Pelo contrário: quem tem um ambiente capaz de esbanjar carícias, certamente tem mais recursos emocionais para enfrentar as adversidades. Acariciar e ser acariciado é um recurso que amplia e torna a existência mais feliz.

Traduzido e adaptado pela equipa de Sábias Palavras

Fonte: La mente es maravillosa

Imagem de capa: Jonathan Borba no Pexels

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