Uma mulher indígena, da cidade de Aral Moreira, estado do Mato Grosso do Sul, na fronteira entre Brasil com o Paraguai, visitou uma unidade básica de saúde no dia 10 de março e recebeu tratamento para uma infecção urinária, segundo o g1.
Daniela Vera, 81 anos, tinha sete filhos e 40 netos, queixou-se de desconforto abdominal nas semanas que antecederam a consulta médica, expressando sua preocupação por ter uma massa no abdômen. No entanto, os exames não mostraram o feto calcificado.
Desta forma, ela recebeu encaminhamento para tratamento adicional no Hospital Regional de Ponta Porã, onde imagens 3D a diagnosticaram com litopédio, um efeito colateral raro de uma gravidez ectópica.
Como o feto morreu durante a gestação, o seu corpo não o reabsorveu. Em vez disso, ficou retido na cavidade abdominal e formou-se uma camada de cálcio sobre ele.
Inicialmente, a idosa teve medo de procurar tratamento médico antes de ceder e visitar vários, todos incapazes de detectar que ela carregava um feto calcificado no abdômen há cerca de 56 anos. Ela foi tratada de infecção urinária e no dia seguinte, quando fez radiografias, o feto morto foi identificado.
Daniela passou por uma cirurgia para retirar o feto calcificado que foi encontrado em seu abdômen, no entanto acabou falecendo no dia seguinte ao procedimento por piora de seu quadro infeccioso.
O médico Patrick Dezir, que supervisiona o departamento de saúde de Ponta Porã, disse que a morte de Daniela foi causada por uma infecção.
“Quando a gravidez ocorre, ela deve estar dentro do útero, mas em algumas situações a gravidez pode ocorrer fora”, explicou Dr. Dezir. “Aquele bebê não foi clínico, a paciente não teve dor aguda e não teve sangramento importante e esse diagnóstico passa despercebido e o tempo vai cuidar daquele corpo estranho que ficou dentro do abdômen da mulher.”
A família de Daniela disse que ela inicialmente evitou procurar atendimento médico porque tinha medo. “Ela era velha e nós somos indígenas, ela não gostava de ir ao médico, tinha medo do equipamento para fazer exames”, disse sua filha Rosely Almeida.
Almeida, o caçula de Daniela, revelou que a mãe reclamava do desconforto desde a primeira gravidez de outro filho, quando era adolescente.
“Ela disse que parecia que um bebê estava se mexendo dentro de sua barriga e às vezes ela se sentia mal, mas nunca suspeitamos que fosse isso”, disse Almeida. “Foi da primeira gravidez dela, não sei quantos anos ela tinha.”
Imagem de Capa: Arquivo Pessoal
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