Essa mania que o ser humano tem de enjoar das coisas e das pessoas leva-o a grandes perdas. Parece que as pessoas estão sempre à procura de mais, à procura de outra coisa, e desse modo não conseguem desfrutar o que já têm, o que já conquistaram. Nutrir sonhos e ser ambicioso é positivo, mas somente olhar para o que se quer muitas vezes pode fazer as pessoas se esquecerem e ignorarem tudo o que já possuem.
No meio dessa frenética busca pelos objetivos de vida, infelizmente as pessoas podem acabar por se distanciar de quem está junto de si e de quem as ajudou a conquistar o que têm e o que são hoje.
“Por essa razão é que muitas vezes as pessoas deixam escapar por entre os dedos o amor maior das suas vidas (…)”
De tanto as pessoas ansiarem pelo que é novo nas suas vidas, às vezes deixam de valorizar o que já faz parte do seu dia-a-dia, deixando de valorizar as várias riquezas que a vida lhes concedeu. Por essa razão é que muitas vezes as pessoas deixam escapar por entre os dedos o amor maior das suas vidas, em troca de aventuras efémeras e vazias de afetividade.
Porquê procurar alguém lá fora quando já existe alguém que nos ama e nos dedica parte da sua vida à nossa? Porquê achar que todo o amor que um dia uniu dois corações apaixonados morre de uma hora para a outra, sem possibilidades de renovação?
Porquê parar de sorrir para a pessoa que dorme ao nosso lado, de lhe roubar beijos furtivos, de lhe tocar as mãos, de lhe perguntar como se sente, de lhe enviar mensagens apaixonadas e de lhe declarar o nosso amor e admiração?
“As pessoas devem ser gratas e estar dispostas a reencontrar dentro de si os sentimentos que pareciam perdidos (…)”
As pessoas precisam ser gratas à pessoa que esteve ao seu lado por tempos, pois tudo o que obtiveram e construíram deve-se a ela também. As pessoas devem ser gratas e estar dispostas a reencontrar dentro de si os sentimentos que pareciam perdidos, porque provavelmente o amor está entre eles, esperando por força e motivação da sua parte para renascer.
Amores acabam, sim, mas não é fácil algo tão pungente e mágico, como o é um amor verdadeiro, arrefecer por completo. Não podemos deixar o tempo transformar em túmulo os nossos desejos, principalmente em relação a alguém que entrou na nossa história e a tornou melhor e mais completa.
É preciso acordar disposto a alimentar o amor, todos os dias, a qualquer momento, onde estivermos. É preciso lembrar que estamos juntos com alguém que pelo menos já foi o amor das nossas vidas e que muito provavelmente sempre o será.
As pessoas precisam cultivar os sentimentos que as uniram a quem as ama, dedicando-lhe parte significativa da sua atenção, do seu olhar, da sua vida. Se acalmarmos os nossos passos e não permitirmos que a frieza do mundo lá fora adentre os nossos sentidos, estaremos prontos para amarmos de novo e de novo quem sempre esteve ali bem juntinho, nos momentos de gozo e de sofrimento, lutando por nós e acreditando nos nossos sonhos.
“(…) é preciso que as pessoas procurem apaixonar-se e se reapaixonar pelos olhos cúmplices (…)”
Porque o amor possui uma força descomunal e uma capacidade inesgotável de se reinventar, dando novo significado à nossa vida, tornando-a sempre mais gostosa de se viver, junto às pessoas que nos amam de verdade. Portanto, é preciso que as pessoas procurem apaixonar-se e se reapaixonar pelos olhos cúmplices que sempre estarão em busca dos seus, todos os dias, até ao fim das suas vidas.
Por: Prof. Marcel Camargo