Ela desistiu de procurar a pessoa certa

Ela teve muitos relacionamentos casuais e algumas amizades coloridas. Nesses encontros casuais e amizades coloridas, ela colocou muitas expectativas, tais como: ele(a) vai me mandar todas as manhãs uma mensagem de ”bom dia”, vai me fazer surpresas, me escrever uma carta, me dar um bombom sonho de valsa nos dias em que eu estiver de TPM, vai me ouvir quando eu quiser desabafar e enxergar que eu preciso de colo sem que eu diga uma palavra sequer. Ele(a) vai me apresentar aos seus amigos, vai me dar carinho e um buquê de rosas enquanto estou viva (e não uma coroa de flores no dia do meu enterro), vai me abraçar quando eu menos esperar e dizer que sente minha falta e adora a minha presença. Ele(a), em algum momento, vai dizer que me ama, pois ele(a) deve me amar. Veja bem, ele(a) DEVE me amar.

Quando conhecia um novo suposto amor, ela gostava de saber sobre a forma de pensar da pessoa, sobre seus hobbies, comidas favoritas e relacionamentos passados (por que não?). Ela conversava com esse suposto amor todos os dias por mensagens no celular. Mandava áudios, emotions, expressões carinhosas e beijos de boa noite. Ele, o suposto amor, dizia querer vê-la em breve a fim de matar a saudade que o estava consumindo.

Marcavam um jantar no MC Donald’s do shopping center e, em seguida, estendiam a noite no motel. Mais do que o próprio ato de fazer amor ou trepar ou transar ou sei lá como você queira chamar, ela gostava de abrigar a pessoa em seus braços sob o lençol e filosofar sobre a vida. Mais do que trepar/fazer amor/transar, ela gostava de esperar a pessoa dormir primeiro pra poder observar a sua respiração ritmada (ou não) de olhos fechados. Ela é romântica e acredita no singeleza do amor.

Mas ela se cansou de procurar pelo suposto amor de sua vida, pois o mesmo não correspondia às suas expectativas. Nenhum(a) novo(a) pretendente tinha o dever de amá-la, pois o amor simplesmente acontece no desenrolar dos dias e no desabrochar da maturidade. Ela foi imatura por ter pensado que a próxima pessoa seria a certa e lhe faria feliz. Ela estava desorientada e ninguém a satisfazia emocionalmente; estava num desequilíbrio entre cargas positivas e negativas em sua mente; o lado anja e o lado diaba travavam uma forte briga diariamente em seus dois ouvidos; ela se forçava a acreditar que estava amando de verdade e exigia o mesmo da outra pessoa. Pra que isso, menina?

Sei que ela não acredita em contos de fadas, mas indiretamente queria viver em um. Agora ela não vê sentido nesse ciclo: procurar alguém, perguntar nome, idade, signo, hobbies e etc sobre a pessoa, mandar mensagens, marcar um primeiro encontro, ir ao motel, voltar pra casa às sete da manhã, enviar uma mensagem de ”bom dia”, marcar um novo encontro, transar/trepar/fazer amor, jogar conversa fora após o primeiro orgasmo enquanto espera pra ter o próximo (se tiver!), dormir de conchinha e ouvir um ”tchau, obrigado(a), a noite foi ótima. Se cuida, tá?”

Ela queria encontrar alguém profundo, que mergulhasse nela sem medo. Ela mergulhava na pessoa, no entanto não era correspondida. Sempre se desiludia. As conversas eram, na maioria das vezes, superficiais. Havia mentiras e vontade de ”não se apegar” por parte do seu suposto amor. Este dizia que não estava num momento adequado pra assumir um ”relacionamento sério”, porém ela não queria um relacionamento assim: ela era divertida demais pra se submeter a isso. Essa moça desejava algo engraçado, leve, colorido, cheio de carinho e amor. Isso é utopia?

Essa moça desistiu de encontrar a ”pessoa certa”, pois na cabeça dela as pessoas estão complicando demais o amor. Os seres humanos estão muito conectados por meio de tecnologias e pouco vinculados no dia a dia. Falta beijo estalado na bochecha, abraço demorado e empatia. Ela acredita que os seres humanos estão criando barreiras sem querer, querendo, pois dizem não querer se ”apegar”. Tudo bem, todos têm o direito de não se grudar a alguém. Mas não querer ”se apegar” é se fechar pra oportunidade de viver a felicidade de um amor verdadeiro. Por tudo isso ela desistiu de procurar pela pessoa certa. Ela vai cuidar melhor de si mesma, dedicando tempo a um trabalho voluntário, ao futuro da sua profissão, ao seu animal de estimação, à sua família e aos seus amigos.

Talvez você seja essa moça sobre quem falei aqui nesse texto. Talvez seja eu, sua melhor amiga ou tantas outras mulheres que você não conhece. Saiba que não está sozinha nessa e cuide melhor de si mesma. Deixe sua maturidade florescer e não tente mais encontrar a ”pessoa certa”. Um dia alguém errado aparece na sua vida de mulher errada pra vocês se acertarem. Minha amiga, pode crer que sem querer todas (ou quase todas) aquelas suas expectativas serão correspondidas e você corresponderá as expectativas dessa pessoa errada, porque amor é troca, é entrega, é compartilhamento. Amor é aquilo que você queria, desistiu de procurar mas um dia, distraída, tropeçará e cairá direto nos braços daquele(a) que valorizará sua presença.

Por: Flavia JaineSuper Ela





Relaxa, dá largas à tua imaginação, identifica-te!