Eu esperava que, com o vazio que me sobrou, logo fosse preenchida por outro tipo de felicidade. As pessoas dizem que, para parar de pensar em algo, precisamos nos focar em outra coisa – o trabalho, os estudos, nossos hobbies. A distância me permitiu pensar. Sabe que hoje, quando dizem seu nome, é quase indiferente para mim? E que, quando falam sobre o amor, você não mais aparece de imediato na minha mente? Deveria ser triste, mas a verdade é que esse é o tipo de felicidade que busquei depois daquela tarde que entendi que tínhamos dito adeus para o futuro que quase construímos.
Hoje não me importa mais quem errou primeiro, quem desviou o olhar primeiro, quem fugiu primeiro. O que me importa mais é o que ficou. O brilho dos seus olhos, seu silêncio nos momentos certos, seus passos pelos corredores, aquele sorriso que guardarei até o último minuto. Relembro tudo isso e, logo de cara, entendo por que o mais importante é o que ficou: é porque, devido a essas lembranças, sei o que é o amor. Entendo perfeitamente a diferença de tudo o que senti antes de você e tudo o que senti com você. Uma paixão é estar à procura de algo, mas um amor é parar de procurar; é saber que não há por que procurar mais, uma vez que o que procurava acabou de ser encontrado. No amor nós nos encontramos – não há tanto mistério assim. Não se trata de encontrar sua cara metade, mas de ter a certeza de pertencimento. No amor queremos ficar, sabendo que poderíamos muito bem seguir em frente. No amor sabemos que podemos perder a outra pessoa, mas aceitamos que ela tem uma escolha, que pode ir e não voltar.
Acho que é disso que se trata o que tivemos. Desde o primeiro minuto, eu sabia que perderia você, mas também sabia que a escolha era sua. Você escolheu ir embora, enquanto eu aceitei a permanência. Essa é outra diferença entre paixão e amor: na paixão, logo após uma decepção, seguir em frente é muito fácil; no entanto, no amor, a espera continua em nós. Pode até parecer que não, mas estamos lá, esperando. A questão é que, quem ama, ainda tem a sensação de pertencimento, mesmo depois que a outra pessoa tenha partido.
Ainda pertenço a você, de algum modo. Ficou em mim nos detalhes. Ainda que a maioria de meus pensamentos não mais foque em você, alguns acabam me traindo e me levando para algum momento simples que tivemos. Acredito que são as coisas mais simples que permanecem. Um casaco, uma palavra, um olhar, um sorriso. Parecem coisas banais para muitos, mas, para a pessoa certa, sempre representarão algo, sempre serão a lembrança feliz. Aprendi que, do amor, apenas carregamos as coisas boas. Mesmo que tenhamos tido muitos problemas, não são deles que me recordo. E, acredite se quiser, não guardo raiva, nem rancor. Estou cultivando apenas felicidade e desejo que ela invada sua vida, também. É triste tentar se encaixar em alguém que não pode se encaixar na gente, mas, no amor, não se trata disso: é sobre ancorar alguém e guardar as melhores coisas, mesmo depois do adeus. De você, apenas sobrou saudade e aquele meu sorriso preferido.