Recentemente, a Marriage & Family Review, publicou um estudo sobre os efeitos das palmadas no desenvolvimento infantil. Dessa maneira, sugerindo que os impactos negativos dessa prática podem ser exagerados.
A pesquisa, liderada por Robert E. Larzelere, professor da Universidade Estadual de Oklahoma, indica que as palmadas são responsáveis por menos de 1% das variações nos resultados comportamentais das crianças. Assim, questionando a narrativa dominante que associa essa prática a danos graves.
Análise do estudo
Por muitos anos, estudos sobre disciplina física vincularam as palmadas a resultados negativos, como aumento da agressividade e problemas comportamentais. No entanto, Larzelere e sua equipe argumentam que essas pesquisas frequentemente não consideram os comportamentos pré-existentes das crianças.
Dessa forma, fica difícil concluir se as palmadas causam os problemas ou se são aplicadas em crianças que já apresentam dificuldades comportamentais.
Por isso, os pesquisadores realizaram uma meta-análise, considerando as variáveis comportamentais das crianças antes da punição física. Portanto, concluíram que o impacto das palmadas é mínimo, especialmente se usadas com moderação e sem agressividade.
A pesquisa também diferencia a “surra de apoio”, que consiste em dois tapas leves, do uso excessivo de punição física, que de fato pode ser prejudicial.
Um dos aspectos centrais do estudo é a análise da eficácia das palmadas de acordo com a idade das crianças.
- Crianças de 2 a 6 anos: A prática mostrou-se ligeiramente mais eficaz em promover cooperação e reduzir comportamentos desafiadores, quando comparada a outras formas de disciplina, como a retirada de privilégios ou o tempo limite.
- Crianças entre 8 e 11 anos : Os pesquisadores notaram uma associação mais negativa, com resultados comportamentais piores à medida que a criança envelhece.
Dessa forma, sugerindo que a palmada pode ter uma eficácia limitada. Assim, mostrando ser mais adequado para crianças menores e em situações específicas.
Larzelere enfatiza que, quando usadas de forma controlada, as palmadas podem ajudar crianças a responder melhor a punições menos severas, como diálogos e negociações, permitindo que os pais reduzam gradualmente o uso dessa técnica.
Punição física em excesso: Os riscos
Embora o estudo mostre que não há riscos em palmadas moderadas, ele não descarta os riscos de punições físicas aplicadas de maneira excessiva ou com raiva. De acordo com a psiquiatra infantil Dra. Willough Jenkins, o uso desmedido de castigos físicos pode sim levar a consequências negativas, como aumento da ansiedade, baixa autoestima e problemas de socialização.
Larzelere também destaca que as palmadas só não resultam em efeitos prejudiciais quando usadas de forma equilibrada, sem frequência excessiva ou severidade. Ou seja, o contexto e a intenção por trás da punição são determinantes para seus impactos no desenvolvimento infantil.
Imagem de Capa: Adobe Stock por Zilvergolf