Bem, se podemos caminhar e deixar caminhar, penso que podemos também fazer e deixar o outro fazer. Assim o faça por você e deixe o outro fazer por si mesmo tem sido um exercício que reforça minhas mudanças e que ainda hoje tem me ajudado a me recuperar de alguns conflitos.
Penso que se deve escolher o amor sempre. Ele faz parte da vida. E nesse optar, encontrar o melhor caminho tendo em mente que, ao fazer pelo outro, podemos fazer de propósito, com intenção. E que isso deve vir acompanhado de que este outro quer e pode receber.
Quando melhoramos nossa comunicação e somos claros, nos arriscamos à exposição, mas em compensação, abrimos mão do interpretar, e mais abrimos nossos olhos, ouvido e coração para o sentir.
E para também receber o que o outro quer e pode fazer por nós. Aprendi desse modo que o fazer por mim com intenção, por prazer simultaneamente levará benefícios também para o outro.
“Tudo para o outro que não quer receber, não quer participar, não quer!”
Muitas pessoas revivem esse sofrimento do querer dar demais, amar demais, depender demais do que o outro vai pensar, necessita de aprovação. Tudo para o outro que não quer receber, não quer participar, não quer! Simplesmente quer estar livre, solto, aberto para outras possibilidades.
Às vezes é muito difícil compreender e experimentar a ver a situação de outra forma, mas veja bem o outro já está livre. A separação já é iminente e só o que se pode dizer é que deve se centrar, deixar esfriar e mudar o foco.
De fato pessoas “doentes de amor”, apaixonadíssimas , abrem mão do prazer toda vez que seu foco de vida fica distorcido. Acabam por fazer concessões às vezes fatais, e não tem como sustentar o colocar limites, como tudo só tem sentido se for para o outro, abrem mão de quase tudo. Renunciam ao viver e por consequência, o seu poder real.
Renunciam a alegria de estar vivo, o prazer dos pequenos e grandes acontecimentos, da simplicidade de meditar, ficar no silêncio, ouvir uma música especial, saborear um sorvete, degustar um bom vinho, ler um bom livro, parar pra ver o pôr do sol, mudar o corte de cabelo, fazer um regime, amar a si mesmo etc… Ou seja são tantas a possibilidades de viver bem — sem a dependência do outro — que não conseguiria aqui enumerar, ficar só nem sempre é ser solitário, ou muito menos estar disponível, pode simplesmente reforçar o medo de se entregar, do ser e de se expor.
“(…) convido você a a despertar para a vida, para o novo e abrir-se para novas possibilidades.”
O que mais precisamos é acreditar que há sentido na vida quer estejamos ou não acompanhados, e eu convido você a despertar para a vida, para o novo e abrir-se para novas possibilidades.
Muitas vezes as pessoas se prendem à imagem, uma imagem congelada do início do relacionamento, quando tudo era romance, e esquecem de registrar o quanto a relação já estava desgastada o quanto é impossível ás vezes resgatar qualquer possibilidade.
Sonham assim, porque sentem falta do sonho e nesse caso, porque não temos estrutura para viver a realidade nua e crua, se apegam tanto as armadilhas da memória, da lembrança, e o que está de fato acontecendo deixa passar!
E quando o outro chega e diz: FUI. Não suportam, muitas vezes não aceitam e não sabem lidar com o ADEUS e então continua a fazer o que sabe fazer – TUDO PELO OUTRO –
E isso demonstra a importância de tomar o que é nosso, deixar o outro ir e se esse outro um dia quiser voltar (Deus me livre), saber que vai nos ver refeitos, crescidos, inteiros e nesse momento, percebemos que talvez não tenhamos vivido assim tanto amor, podemos nos surpreender ao reconhecer que não era amor, tudo poderia estar mais ligado à dependência, à teimosia.
Nesse possível reencontro, provavelmente você não verá mais o outro como complemento, o caminhar e o transformar a nossa energia, faz com que mude a nossa relação com o mundo e com o outro.
O relacionar-se passa a ser e ter um significado de liberdade, o vínculo não é a relação e sim um amor de dois seres disponíveis um para o outro e simultaneamente cada um para si mesmo.
“A ilusão vai acabar, a necessidade de transformar no outro num ser melhor também se vai e principalmente viver a vida se contentando em ser dependente e submissa – em uma relação paralela.”
Depois dessa descoberta, do “faça tudo por si mesma” passará a encarar as coisas de forma mais realista, você se verá disponível para uma relação saudável e não com o sofrimento de ficar com a metade. A ilusão vai acabar, a necessidade de transformar o outro num ser melhor também se vai e principalmente viver a vida se contentando em ser dependente e submissa – em uma relação paralela.
Pessoas muitas vezes se relacionam através da imagem que projetam para o outro, são perfeitos um para o outro dentro do papel que escolheram interpretar, quando se observa o relacionamento sem a emoção, de uma maneira mais prática, compreende que embora tenha crescido, ambos não se atualizaram um a respeito do outro, em alguns pontos um ficou paralisado e o outro estacionado.
Não se pode negar que houve crescimento, alguns momentos felizes no seu relacionamento, mas agora é ser capaz de aceitar que não faz mais parte um da vida do outro, e o seu aprendizado agora é amar, se relacionar sem sofrer, sem depender, sabendo quais são os seus limites, valores e necessidades.
Analisando tudo com mais calma e compaixão, escolher por si, centrar-se, exercitando mais sobre o desapego e renunciar a problemas que não são seus.
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