Na Turquia, uma família está deixando cientistas intrigados ao agirem de uma forma diferente da evolução humana. Desse modo, alguns de seus membros se locomovem de quatro, usando as palmas das mãos em um movimento que se assemelha ao “rastejamento de urso”.
A família Ulas vem desafiando as ideias preconcebidas sobre a evolução humana. Dessa forma, a sua história foi trazida ao conhecimento público por meio de um artigo científico e um documentário da BBC chamado “A Família que Anda de Quatro”.
O professor Nicholas Humphrey, psicólogo evolucionista da London School of Economics, fez uma descoberta surpreendente: seis das 18 crianças desta família nasceram com essa característica de locomoção nunca antes observada em adultos humanos modernos.
Essa peculiaridade atraiu atenção global, uma vez que desafia a nossa noção fundamental de como os seres humanos se movem e se desenvolvem. A capacidade de andar ereto sobre duas pernas é uma das características distintivas da espécie humana, separando-nos do restante do reino animal.
Humphrey expressou seu espanto com essa descoberta, afirmando que nunca esperou que os seres humanos modernos pudessem retroceder a um estado mais animal. Ele enfatiza que nossa capacidade de locomoção bípede e a postura ereta são fatores essenciais que nos diferenciam dos demais animais.
O documentário da BBC descreveu a família Ulas como um “elo perdido entre o homem e o macaco”. Dessa maneira, sugeriu que essa “devolução” à locomoção quadrúpede poderia representar uma reversão de três milhões de anos de evolução.
No entanto, Humphrey criticou essa teoria, considerando-a “profundamente insultuosa” e “cientificamente irresponsável”. A ideia de que essa família representa uma forma intermediária entre humanos e macacos foi rejeitada por ele.
Características diferentes
Pesquisadores da Universidade de Liverpool conduziram estudos que revelaram que as crianças dessa família apresentam características esqueléticas mais semelhantes às de macacos do que às de humanos.
Além disso, elas possuem um cerebelo reduzido, embora isso geralmente não afete a capacidade de outras pessoas de andar sobre duas pernas.
A diferença mais notável é o método de locomoção usado por essa família. Enquanto macacos usam os nós dos dedos para se moverem quando estão no chão, esses indivíduos utilizam as palmas das mãos, marcando uma distinção significativa.
Humphrey especula que o que estamos testemunhando na família Ulas pode representar um estágio intermediário na evolução humana, uma fase entre os ancestrais que habitavam árvores e nossa forma moderna de locomoção bípede.
Ele também observa que a falta de incentivo para que as crianças fiquem de pé após os 9 meses de idade pode ter influenciado seu desenvolvimento. Para ajudar essas crianças a se adaptarem a uma locomoção bípede, elas receberam tratamento de fisioterapeutas e utilizaram equipamentos específicos. Essa intervenção resultou em melhorias significativas em sua mobilidade.
A família Ulas continua a ser um enigma fascinante para a comunidade científica, desafiando nossa compreensão da evolução humana e lançando luz sobre os mistérios da adaptação e da diferenciação entre os seres humanos e outros primatas.
À medida que os cientistas continuam a estudar essa família extraordinária, novas descobertas podem surgir, revelando mais sobre a complexidade da nossa própria história evolutiva.
Imagem de Capa: Reprodução