A fumaça causada pelos incêndios na Amazônia e no pantanal espalhada sobre pelo menos dez estados do Brasil, está sendo carregada por um sistema de ventos que leva umidade do norte ao sul da América do Sul e forma os chamados rios voadores.
No entanto, na estação seca, a fumaça dos incêndios que tem sido transportada por esses corredores por milhares de quilômetros.
Imagens de satélite com uma vista da América do Sul, destaca a oeste do Brasil, na fronteira com outros países, uma névoa cinza, que é a fumaça proveniente de incêndios que chegou ao sul do país.
A situação continua até o fim da semana, com a chegada de uma massa de ar frio que pode desviar o rumo dessa trajetória entre diferentes regiões do Sul e do Sudeste do país ou até mesmo orientá-la de volta para o Norte – ou seja, a área atingida pela fumaça ainda deve aumentar.
Desta forma, a população de cidades dos Estados do Amazonas, Acre e Rondônia pode ser muito afetada pela fumaça que atingirá a região.
A movimentação dos ventos —e da fumaça— traz dois alertas.
Essa movimentação pode causar maior aquecimento das regiões afetadas, já que a concentração de partículas dos materiais queimados (folhas e madeira, por exemplo) e gases como o monóxido de carbono contribui para o efeito estufa, afirma Francis Wagner Correia, professor do curso de meteorologia da Universidade do Estado do Amazonas.
O outro alerta é o dano causado à saúde da população, pois a fumaça dificulta a respiração, causa irritação nos olhos e tosse. Pessoas com doenças respiratórias, como asma e bronquite, além de idosos e crianças, devem aumentar a hidratação e evitar sair de casa quando a fumaça estiver mais intensa.
Segundo Wagner, a intensidade dessa fumaça transportada está ligada aos focos de incêndio, mas o problema também está ligado às secas. “Cada vez mais percebemos que os eventos climáticos estão mais graves. Nos últimos 20 anos, foram quatro eventos extremos de seca, em 2005, 2010, 2015 e 2023. Isso também intensifica o fogo na região.”, afirma.
Nos últimos anos, têm-se registrado um aumento nos focos de incêndio tanto na floresta amazônica quanto o pantanal. Na Amazônia, os números são os piores em duas décadas. Já no pantanal, os focos de incêndio tiveram aumento de 1.593% de janeiro a 1º de agosto de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado.
Imagem de Capa: Canva/Divulgação 19.ago.2024/RAMMB/Cira/Noaa