O tatuador e blogueiro, João Antônio Ferreira Ribeiro, vem enfrentando desafios significativos em sua busca por uma vida melhor para si e para seus filhos.
Com o rosto coberto por tatuagens que realizou ao longo dos anos para lidar com traumas pessoais, João decidiu remover as marcas do rosto. A decisão veio após enfrentar preconceito, dificuldades para conseguir emprego e ser frequentemente alvo de críticas.
Nascido em Santo Amaro, na Bahia, João cresceu em uma vida simples e desde cedo trabalhou na lavoura para ajudar sua família. Com apenas 14 anos, ele se mudou para Feira de Santana, onde começou a atuar como tatuador.
Em 2022, João decidiu recomeçar em Betim, Minas Gerais, acreditando que uma nova cidade poderia trazer oportunidades. No entanto, as tatuagens faciais intensificaram os julgamentos, e ele logo percebeu que seu visual impedia sua entrada no mercado de trabalho.
As suas tatuagens faciais surgiram como uma maneira de expressar e lidar com a dor emocional, especialmente após o falecimento do avô e o término de um relacionamento. “Comecei a fazer tatuagens para me expressar e tentar superar a dor”, revela João.
Contudo, essas marcas pessoais também trouxeram consequências inesperadas, como abordagens da polícia e olhares desconfiados na rua. Desse modo, ele relembra uma situação que o afetou profundamente, que foi quando uma senhora se aproximou com uma Bíblia e o chamou de “Satanás”.
Para trazer uma vida melhor para seus filhos, João decidiu iniciar o processo de remoção das tatuagens faciais. Dessa forma, ele conheceu o biomédico esteta Giancarlo Pincelli, da clínica Hell Tattoo, em São Paulo, que oferece o tratamento gratuitamente.
“Deus tocou no meu coração, e eu decidi ajudar”, afirmou Giancarlo, que se comoveu com a situação de João.
Esse processo de remoção de tatuagem é bem complexo, sendo bastante doloroso e exige precisão devido à profundidade e à variedade das tatuagens. A clínica cobre todos os custos do tratamento e medicamentos, contudo, João precisa de recursos para custear suas viagens de Minas Gerais a São Paulo para as sessões.
Cada sessão de laser, espaçada de 60 a 90 dias, exigiria um investimento de cerca de R$3 mil, caso não fosse oferecida gratuitamente. Para João, essa dor é um preço pequeno a se pagar pela chance de uma nova vida.
“A dor do laser não se compara com o que já passei na vida”, declara ele.
Em suas redes sociais, João compartilha a sua jornada e reflete sobre a sua experiência. Dessa maneira, ele busca inspirar outras pessoas a pensar cuidadosamente antes de tatuar o rosto.
“Pensem bem antes de decidir, porque o julgamento da sociedade é inevitável”, aconselha ele. “Se não fosse Deus e as pessoas que estão me ajudando, eu não estaria mais aqui”, afirma.
Seu objetivo agora é conseguir um emprego e proporcionar um ambiente seguro para seus filhos. Incapaz de atuar como tatuador devido ao preconceito, ele busca oportunidades que valorizem suas habilidades, e não sua aparência.
“Quero andar na rua e ser visto como uma pessoa normal”, conclui João.
Imagem de Capa: João Ribeiro
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