O jornalista Chico Pinheiro, atualmente apresentador do “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, revelou em entrevista para o podcast “Inteligência Ltda” o motivo da sua saída da Record em 1995.
Chico contou que saiu da emissora depois do episódio em que o bispo Sérgio Von Helder a Igreja Universal do Reino de Deus, gerou revolta ao chutar uma imagem de Nossa Senhora Aparecida durante um programa religioso da emissora.
Chico Pinheiro era âncora do “Jornal da Record” na época e afirmou que foi demitido após o incidente. Ele disse que ficou indignado com a atitude do bispo e que não queria fazer parte de uma emissora que permitia esse tipo de comportamento. Segundo o jornalista, ele não foi o único a sair da Record por causa desse episódio.
Depois disso, as emissoras Globo e Band começaram a reproduzir essas imagens e o chefão de programação da emissora então o chamou para rebater uma matéria do Fantástico sobre o ocorrido, com a mesma fala que Edir Macedo – fundador da igreja Universal do Reino de Deus -, enviou para a reportagem da Globo, com quase 10 minutos.
No entanto, Chico, não queria deixar a Universal interferir no jornalismo. “Respeito o bispo Macedo, mas no jornal não, porque se vocês botarem o bispo Macedo no jornal, vocês vão esculhambar o jornalismo, vira um jornal acessório da igreja.”, disse.
Após muita pressão, ele aceitou sob a condição de que o cardeal da Igreja Católica do Rio de Janeiro também pudesse comentar o episódio de forma que fossem ouvidos os dois lados, mas um bispo da Universal teria proibido a equipe de ir gravar e deu desculpas de problemas técnicos.
“Eu fui pra minha sala, tinha um pessoal editando as matérias, na hora que passei vi o cardeal falando numa ilha [de edição]. Falei: ‘o que é isso?’ O editor de imagem falou: ‘isso é a entrevista que o cardeal deu hoje, a igreja mandou gravar, porque vai ter uma reunião de bispos e pastores e eles vão assistir isso aqui’. Falei: ‘tira uma cópia pra mim que eu quero ver’. O cara tirou uma cópia, me deu, fui pra minha sala”, revelou.
Em seguida, Chico Pinheiro avisou ao diretor da Record que colocaria a fala do Edir Macedo no ar, mas que em seguida colocaria a declaração do cardeal, e novamente tentaram impedi-lo. “Montei as duas coisas: primeiro o Edir Macedo, depois o cardeal, que dizia ser inaceitável o pedido de perdão pela agressão contra Nossa Senhora de Aparecida”, contou.
“Avisei: ‘se este VT não rodar, vou dizer no ar ‘acabo de ser censurado pela Igreja Universal’ e vou botar pra quebrar'”. “Outra coisa, se vocês rodarem o Edir Macedo e me tirarem do ar, eu vou sair desse estúdio vou lá pra porta, porque já avisei colegas jornalistas que estão querendo notícia sobre isso e vou denunciar a molecagem que a Igreja Universal está fazendo com a empresa”, continuou.
Quando o jornal terminou, ele foi para a sala dele e recebeu uma ligação do então presidente da Record, que também era bispo. “Aí vem ele com a voz macia: ‘irmão estou ligando pra agradecer você por ter feito um grande trabalho pelo jornalismo que estamos querendo construir. Se você não tivesse forçado pra colocar isso no ar iríamos ficar com a imagem de parciais, então acho que foi muito bom’. Eu agradeci, fui pra casa”, relatou.
“No dia seguinte quando cheguei na minha sala na redação, tinham dois seguranças na porta e o cara do RH, ele falou: ‘o senhor não pode entrar a sala está lacrada’. Sai da Record escoltado, o pessoal da redação assustado”, relatou.
O jornalista também falou sobre a sua relação com a religião e disse que respeita todas as crenças, mas que não concorda com atitudes que desrespeitem a fé dos outros. Ele afirmou que a sua saída da Record foi uma questão de princípios e que não se arrepende da decisão que tomou na época.
Mas, naquele momento, o apresentador compreendeu que havia sido demitido por ter desafiado determinações de bispos da Universal. Ele recolheu todas as suas coisas, foi embora e entrou com um processo contra a Record. Ele venceu a emissora na Justiça por quebra de contrato.
Chico Pinheiro trabalhou na Record por cerca de dois anos, entre 1993 e 1995. Depois disso, ele foi para a TV Cultura e, em seguida, para a Globo, onde está até hoje. Ele é um dos jornalistas mais respeitados e admirados do país e já recebeu diversos prêmios ao longo da carreira, incluindo o Troféu Imprensa e o Prêmio Esso de Jornalismo.
Imagem de Capa: Reprodução Tv Globo
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