Carolina Arruda Leite, de 27 anos, sofre de uma condição de saúde que causa uma dor tão intensa, que é considerada “a pior do mundo”.
A estudante de veterinária, que vive em Bambuí, Minas Gerais, pretende sair do Brasil para conseguir realizar eutanásia ou morte assistida, já que os procedimentos são proibidos e considerados crime no país.
A palavra eutanásia vem do grego “eu” (bem) e “thanásia” (morte). Significa “boa morte” ou “morte tranquila”.
Esse procedimento consiste na antecipação da morte de pacientes com doenças incuráveis ou que estejam em sofrimento físico ou mental profundo. Com o consentimento do paciente, geralmente, a é eutanásia é realizada com o auxílio de um médico e através de injeção letal e indolor.
Em 2022, a Holanda foi o primeiro país no mundo todo a aprovação uma lei que torna a eutanásia um direito. Em seguida, países como Bélgica, Canadá, Colômbia e Luxemburgo, também permitem por lei o procedimento, mas há condições específicas para a sua realização, como existência de doença incurável, sofrimento exacerbado e altos índices de dores, mediante comprovação médica.
A eutanásia é diferente de morte assistida. Nesse caso, que também só é permitida em poucos países, como a Holanda e Suíça, e mediante uma série de normas, o paciente que solicita o procedimento tem acesso a uma substância letal, que deve ser ingerida ou aplicada por ela própria.
Há cerca de 11 anos, Carolina estava sentada no sofá da casa da avó quando sentiu, pela primeira vez, uma forte dor do lado esquerdo do rosto. A jovem, na época com 16 anos, conta que a dor era semelhante a um choque, uma facada. “Na hora, eu não conseguia falar nada, só gritava e chorava.”
Logo descobriram que Carolina sofre de neuralgia do trigêmeo, condição crônica associada a uma disfunção ou lesão do nervo trigêmeo, que causa uma dor tão terrível que foi considerada como “a pior do mundo”. “Eu sinto dor 24 horas por dia. Nos últimos dois anos, piorou muito. Só consigo ficar em pé por alguns minutos, não consigo trabalhar ou estudar. Meu marido é quem me dá banho.”, disse Carolina ao UOL.
Desta forma, ela criou uma vaquinha online para arrecadar dinheiro e realizar a eutanásia na Suíça. “Busco apenas paz e alívio”, escreveu a jovem no pedido que diz ser por uma despedida digna. “[A eutanásia] está mais relacionada com empatia, com fornecer uma morte digna para a pessoa, Se fosse legalizada no Brasil, eu já teria feito.”
No Brasil, quem praticar algum desses procedimentos pode ser acusado de homicídio doloso. De acordo com o Código Penal brasileiro, as penas para quem causa a morte de um doente podem variar de dois a seis anos, quando comprovado motivo de piedade, pode ser de até 20 anos de prisão.
Imagem de Capa: Caroline Arruda
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