Em 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o lipedema como uma doença. O lipedema, uma condição frequentemente confundida com obesidade ou acúmulo comum de gordura, é uma doença que afeta principalmente mulheres.
Caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura em membros inferiores e superiores, o lipedema apresenta sintomas que não respondem a dietas ou exercícios físicos tradicionais.
Essa gordura é acompanhada de fibrose, nódulos que lembram celulite e o característico aspecto de “casca de laranja”. Apesar de sua inclusão no CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), a doença ainda é pouco compreendida, subdiagnosticada e cercada de estigmas.
O lipedema é um distúrbio de acúmulo de gordura que afeta, em grande parte, mulheres. No entanto, essa doença está longe de estar associada à alimentação ou sedentarismo, embora possa ser agravada por inflamações ou outros fatores externos.
Entre os sinais mais característicos do lipedema estão:
O sintoma mais visível é o chamado “perna ampulheta”, que seria o acúmulo de gordura abaixo dos joelhos e afinamento nos tornozelos. Esses sinais progridem em cinco estágios, começando com alterações discretas até limitações graves na mobilidade.
O reconhecimento do lipedema como uma doença pela OMS foi um marco importante. Em 2022, a inclusão no CID-11 trouxe maior visibilidade para a condição e abriu caminho para avanços no diagnóstico e tratamento.
No Brasil, no entanto, a implementação do CID-11 foi adiada para 2027, sob a justificativa de necessidade de treinamento de profissionais de saúde e atualização dos sistemas. Desse modo, revelando o desafio de lidar com uma doença que, apesar de afetar cerca de 10% das mulheres no mundo, ainda é pouco conhecida.
De acordo com estudos, a origem dessa doença pode ser uma combinação de fatores genéticos e hormonais. No entanto, as causas exatas do lipedema ainda são desconhecidas.
A condição tende a surgir ou se agravar em períodos de mudanças hormonais, como puberdade, gravidez ou menopausa.
Fatores que contribuem para a piora dos sintomas incluem:
O lipedema também apresenta uma relação com o estrogênio, um hormônio que pode intensificar o acúmulo de gordura, especialmente em mulheres que utilizam anticoncepcionais hormonais.
O diagnóstico do lipedema depende de uma avaliação clínica cuidadosa. Entre os pontos analisados pelos especialistas estão:
Não existe cura definitiva para o Lipedema. Atualmente, existem tratamentos focados no controle dos sintomas e na melhora da qualidade de vida.
Abordagens mais comuns incluem:
No entanto, para um tratamento avançado, será preciso realizar uma lipoaspiração. A cirurgia é o único método comprovado para remover as células de gordura afetadas pelo lipedema.
Contudo, o custo elevado do procedimento – em média R$40 mil em São Paulo – torna-o inacessível para muitas pacientes.
ONGs, como o Movimento Lipedema, têm pressionado por políticas que incluam a cirurgia como parte dos tratamentos oferecidos pelo SUS, ampliando o acesso para mulheres que não podem arcar com os custos.
O lipedema causa um impacto significativo na saúde mental das pacientes. Dessa maneira, muitas possuem baixa autoestima, ansiedade e depressão devido à aparência corporal e à falta de compreensão da sociedade em relação à doença.
Estigmas como “preguiça” ou “falta de esforço” para emagrecer ainda afetam quem sofre com a desproporção evidente causada pelo lipedema.
Celebridades, como Yasmin Brunet, impulsionaram a visibilidade do lipedema nos últimos anos, contribuindo para quebrar o silêncio em torno da doença. No entanto, é preciso avançar muito mais.
Portanto, é fundamental que os profissionais de saúde busquem capacitação para tratar o lipedema adequadamente, e políticas públicas devem garantir o acesso ao diagnóstico e ao tratamento.
Então, se você perceber sinais de lipedema, procure orientação médica. Um diagnóstico precoce e um plano de cuidados podem fazer toda a diferença na sua qualidade de vida.
Imagem de Capa: ONG Movimento Lipedema
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