Médicos de Harvard revelam medicamento tomado por milhões de mulheres que está surpreendentemente ligado ao Alzheimer

Através de um estudo surpreendente, publicado na revista Science Advances, cientistas descobriram por que mulheres são mais propensas ao Alzheimer em comparação aos homens.

Eles constataram que mulheres que usam um tratamento popular para menopausa mais tarde na vida, podem ter maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Além disso, os pesquisadores descobriram que mulheres que fizeram terapia de reposição hormonal (TRH) aos 60 anos corriam um risco muito maior de demência aos 70 anos.

O estudo, realizado por pesquisadores do Mass General Brigham – sistema de saúde integrado que inclui hospitais afiliados à Faculdade de Medicina de Harvard – mostrou que essas mulheres tinham níveis mais altos de uma placa de proteína ligada ao Alzheimer em seus cérebros em comparação com suas colegas que nunca tomaram o medicamento.

No entanto, as mulheres mais jovens que pararam de tomar TRH na faixa dos 50 e início dos 60 anos não apresentaram o mesmo risco de Alzheimer. De acordo com a pesquisa, isso sugere que mulheres não devem receber prescrição de TRH se estiverem na menopausa há mais de 10 anos sem tratamento.

A Dra. Gillian Coughlan, neurologista do Mass General Brigham Hospital em Boston e primeira autora do estudo, disse: “Nossos dados indicam que a TH pode influenciar o acúmulo de tau em função da idade, com implicações no declínio cognitivo. Esperamos que nosso estudo ajude a informar as discussões sobre os riscos da DA relacionadas à saúde reprodutiva e ao tratamento das mulheres.”

Também foi revelado que mulheres que tomaram TRH mais velhas apresentaram níveis mais altos de tau em certas regiões do cérebro responsáveis pela memória e cognição. As com mais de 70 anos que usaram terapia hormonal para a menopausa apresentaram acúmulo mais rápido de tau, a proteína-chave envolvida na doença de Alzheimer.

Tau é um fator-chave na origem da doença de Alzheimer, que afeta milhões de pessoas anualmente, onde cerca de dois terços dos quais são mulheres.

As proteínas tau ajudam a manter a estrutura e a função das redes de células cerebrais, permitindo a comunicação entre as células. Quando essa fiação é danificada, as proteínas tau se soltam e se quebram, levando a quebras de comunicação.

Desta forma, elas se aglomeram, formando emaranhados tóxicos no cérebro. Com o tempo, esses emaranhados matam células cerebrais, contribuindo para o declínio cognitivo observado na doença de Alzheimer.

O acúmulo de tau foi foi observado apenas em usuárias de TH, entretanto, em mulheres com menos de 70 anos, o uso de TH pareceu proteger contra o acúmulo de tau na área responsável pela consolidação da memória, sem declínio cognitivo significativo em comparação com não usuárias.

Considerando os resultados, os pesquisadores não têm certeza se o acúmulo mais rápido de tau em mulheres mais velhas em TH se deve ao momento em que iniciaram a terapia ou se usuárias mais velhas naturalmente apresentam maior acúmulo de tau.

As mulheres são mais propensas a ter níveis mais altos de acúmulo de tau nas células cerebrais ao longo de suas vidas e isso pode ser causado por uma enzima presente no cromossomo X, do qual as mulheres têm duas cópias, em comparação com os homens.

A Dra. Coughlan explicou: “Nossas descobertas reforçam a evidência de que atrasar o início da TH, especialmente em mulheres mais velhas, pode levar a piores resultados do Alzheimer. Esperamos que nosso estudo ajude a informar as discussões sobre os riscos da DA relacionadas à saúde reprodutiva e ao tratamento das mulheres.”

Imagem de Capa: Canva





Relaxa, dá largas à tua imaginação, identifica-te!