Força, dedicação, empenho e muita determinação foram o segredo para uma mulher do Distrito Federal ter conseguido mudar completamente a sua vida e passar de catadora de latas a ter um salário de R$ 7 mil por mês.
Sem dinheiro sequer para os itens básicos do dia-a-dia, como o gás, que muitas vezes era substituído por gravetos na hora de cozinhar as refeições, Marilene Lopes, de 39 anos, começou a apanhar latas após ter perdido o emprego por faltar diversas vezes para tomar conta das suas cinco crianças.
Sendo estes impedidos de entrar na creche se estivessem com os pés sujos, Marilene comprou um carrinho de mão para os levar e, por isso, aproveitou para unir o útil ao agradável, e na volta apanhava as latinhas de alumínio para vender.
“Nunca tinha nem fruta para comer. Eu me lembro que passei um ano com uma só calcinha. Tomava banho, lavava e dormia sem, até secar, para vestir no outro dia. Roupas, sapato, bicicleta. Nunca tive uma bicicleta”, contou ao site Só Notícia Boa.
Em 2001, viu na capa de um jornal que estava aberto o concurso para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e decidiu então arriscar. Aproveitando os 25 dias de baixa da cirurgia de correção do lábio leporino, Marilene começou a estudar com as suas irmãs que tinham a apostila da seleção, chegando a estudar 12 horas por dia.
“Minha mãe disse que, se eu fosse operar, ela cuidava dos meninos, então fui para a casa dela. Minha mãe comprou uma apostila para as minhas irmãs, aí dei a ideia de formarmos um grupo de estudo. Íamos de 8h às 12h, 14h às 18h e de 19h às 23h30. Depois eu seguia sozinha até as 2h”, explicou.
As suas dificuldades eram tantas que teve inclusive de pedir R$ 5 a cada um dos seus amigos para poder pagar a inscrição no concurso.
Quando saíram os resultados, Marilene nem queria acreditar que tinha passado. “Dei uma flutuada ao ver o resultado. Pedi até para minha irmã me beliscar.”, recordou. “Foi muito difícil. Hoje, contar parece que foi fácil, mas eu venci”.
Uma verdadeira fonte de inspiração para os seus colegas, Marilene é até elogiada pelo seu primeiro chefe, o analista Josias D’Olival Junior, que enviou um email a dizer: “A sua história de vida, a sua garra e o seu caráter nos tocavam e nos inspiravam profundamente.”.