Não quero saber de mais ninguém

Queres saber? Não quero saber de mais ninguém.

Não quero mais ligações, não quero mais noites em lugar nenhum. Desisto. Não posso ficar com quem não sabe o que quer, com quem não sabe do que eu falo quando deixo nas entrelinhas o que sinto. Recuso-me.

Por mais que os beijos sejam bons, que o toque seja macio e que o cheiro seja gostoso. Por mais que eu fuja e depois volte. Por mais que eu me lembre de cada bendito minuto daquele dia.

Por mais que tu sejas exatamente o que eu quero e agora, neste minuto. Se queres saber, não suporto a maneira como brincas com a tampa da caneta. Não suporto a maneira com que os teus amigos te tiram da linha de tiro quando estou quase a apertar o gatilho. Não sei lidar mais com tamanha simpatia.

“É uma droga. Não consigo tirar-te do meu sistema.”

Há dias em que a vontade é acordar, tomar um café e falar das notícias do jornal. Há dias em que a vontade é de entrar onde quer que estejas, rasgar as tuas roupas e atacar-te. É uma droga. Não consigo tirar-te do meu sistema. Não posso manter uma relação de paz comigo mesma enquanto não conseguir tirar-te de mim.

Vou apagar todas as chamadas que gravei só para ouvir a tua voz. Vou rasgar os pedaços de papel onde escrevi frases de amor só para mostrar-te. Não posso mais conviver com o teu cheiro nas minhas roupas. Já parei de comprar o jornal à sexta-feira. Parei de frequentar a discoteca onde nos encontrávamos.

Mesmo assim, há dias em que o teu cheiro surge do nada. Com ele surgem imagens, passagens e sons. Principalmente sons. Sons que até hoje fazem-me arrepiar. Sons que lembram-me as músicas que cantavas. Sons que só fazem-me perceber o quanto eu ainda preciso libertar-me.

Mas, queres saber? Não posso mais saber de ti.

Vou começar de novo. Vou acordar e passar a borracha, fazer de conta que a vida sempre foi minha e que tudo o que levaste foi a minha parte má.

Por mais que eu sinta falta das tuas costas, do teu pescoço, da barba por fazer e daquela camisa ridícula que usas quando resolves mudar de estilo.

Por mais que a tua língua se encaixe na minha, por mais que eu não seja a pessoa que eu conheço sem o teu corpo no meu.

Não quero saber de mais ninguém. Desisto, nua e crua. De verdade. Por mais que eu minta por dentro.

Por: Letícia BritoBlogue Letícia Brito





Relaxa, dá largas à tua imaginação, identifica-te!