O que você prefere: sofrer as consequências de algo que você escolheu ou de algo que você não escolheu?

O que você prefere: sofrer as consequências de algo que você escolheu ou de algo que você não escolheu? Pois bem, essa foi a pergunta que fiz a uma amiga essa semana, creio que pouco nos importa aqui a resposta dela, prefiro ficar com a pergunta, com a provocação, pois ela nos incomoda, nos perturba, nos leva a refletir e quem sabe a tomar novas decisões que nos tragam novos resultados. O tema de hoje é sobre a Consequência, por favor, peço que não me abandone.

“(…) há áreas em nossa vida que envolvem leis, burocracias, normas em que ficamos limitados e é como se agissem por nós, nesse caso fica a seguinte provocação: como você reage a isso?”

Consequência é sinônimo de fruto, resultado, efeito; a consequência pressupõe uma causa, uma ação e o ponto aqui é: quem agiu? Quem está agindo em sua vida para que você tenha tais consequências? É você o autor das ações ou são terceiros? É certo que temos áreas em nossa vida que temos a autonomia para agir, decidir e é de extrema importância que o façamos, contudo há áreas em nossa vida que envolvem leis, burocracias, normas em que ficamos limitados e é como se agissem por nós, nesse caso fica a seguinte provocação: como você reage a isso? 

O grande filósofo Aristóteles tem uma teoria chamada de Causalidade, ela é o agente que liga dois processos: sendo um a causa e outro o efeito, em que o primeiro é entendido como sendo, ao menos em parte, responsável pela existência do segundo, de tal modo que o segundo é dependente do primeiro.

Quando pensamos em ação e em decisão é possível trazer à essa reflexão a idéia de medo; medo do desconhecido, medo da mudança, medo da opinião alheia, medo da não aceitação…

Esses e outros medos podem lhe limitar na hora de agir e tal limitação gera suas consequências por vezes indesejadas. Entenda que o medo não é seu inimigo, mas sim um grande aliado, ele apenas quer lhe proteger, lhe mostrar possíveis perigos, mesmo que imaginários… Acolha-os, entenda-os, ouça-os, pondere sobre qual a melhor ação a partir de tudo isso e faça acontecer!  Mas veja bem: não faça por fulano ou cicrano, faça por você, faça para você!

Além do medo outra questão altamente filosófica que é possível usarem como objeção é a falta de Liberdade, há quem diga que não somos livres. Em resposta a tal objeção eu trago o filósofo francês Sartre; segundo ele ‘somos condenados a ser livres’, Sartre se refere a uma liberdade de escolha, de eleição, de tentativa: é como se você fosse livre para sonhar e tentar! Afinal quem não tenta já falhou 100% das vezes. A pior prisão é a dos seus pensamentos, aqueles em que você cultiva otimismo ou pessimismo, tal cultivo depende só de você.

Assim como Sartre disse que somos condenados a ser livres, o poeta espanhol Pablo Neruda disse algo semelhante: “- Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”. Eu acrescentaria que mesmo quando você não faça escolhas você também será prisioneiro das consequências. Vou mais além: trago o conceito de omissão; não escolher é também uma forma poderosíssima de escolha!

O que você prefere: sofrer as consequências de algo que você escolheu ou de algo que você não escolheu?

É valido lembrar que somos seres temporais, inseridos no tempo e este vai passar, queira você ou não, e lá na frente ao olhar para trás é bem provável que você teça julgamentos sobre sua trajetória de vida, faça críticas positivas e negativas acerca dela e das decisões que você tomou ou que tomaram por você; afinal na vida ou você tem uma estratégia ou faz parte de uma.

Em suma Sartre sintetiza bem o mistério da Vida: “- Viver é isto: ficar se equilibrando o tempo todo entre escolhas e consequências”. E quando se deparar com a angustia de se ver sozinho tendo que decidir talvez valha à pena levar em conta o que disse o guru Osho: “- Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar… Apesar de todas as consequências”. Um grande abraço.

Por: Thiago Pontes

Imagem de capa: Maycon Marmo no Pexels





Thiago Pontes é Filósofo e Neurolinguista (PNL), autor de quatro livros, considera-se um provocador atuando por meio de textos que por vezes incomodam o leitor, levando-o a refletir sobre os mais diversos assuntos que fazem parte do seu cotidiano. Longe de ser um “guru” com respostas prontas; Thiago idolatra a dúvida, segundo ele: “- São elas que nos fazem ir ao encontro de respostas e obter novos e melhores resultados”.