Pausar é ato de coragem

Sair de cena. Dar um tempo. Pedir uma trégua. Recuar.

Em algum momento da nossa vida, precisamos nos reconciliar com a gente. No meu caso, quando preciso deste tempo mais em mim, busco um lugar onde eu possa encontrar um silêncio imutável. Inviolável. Às vezes, compartilho risos, leio um livro, procuro antigas fotografias e isso me basta; às vezes, encontro quando retorno para a casca protetora da minha essência, e me percebo com cuidado. Pausar é preciso. Pausar também é ato de coragem.

Silenciar, diante do tempo – exaustivo e apressado – nosso de cada dia, é uma das tantas formas que temos de dizer ao mundo que o barulho lá fora também cansa. Diariamente somos cobrados: no trabalho, em casa, pelos amigos que nos exigem mais presença. Cumprimos horários e deveres. Tentamos ser a nossa melhor versão no convívio com os outros.

Agradamos, perdoamos, falhamos e novamente falhamos.

E falhamos excessivamente conosco. Desacelere. Essa é a regra na minha casa de dentro. Aqui, a norma é que não exista norma alguma.

Assim que deixei a vida tornar pequenos acontecimentos algo singularmente novo, passei a ter uma harmonia mais inteira comigo.

Quer um conselho? Sente o vento, escuta a chuva, aprecia o passarinho que canta na janela do teu quarto. Esteja em sintonia com a calmaria, com a música suave do cotidiano. Repare na presença dos dias que se exibem com delicadeza, longe de reivindicações. Dedique-se mais ao abraço, aos pés descalços, ao passeio sem rota, sem leste.

Desaprenda o caminho de volta, erre.

Encante-se com aquela ruazinha tão sem graça que você cruza todos os dias.  Deixe-se seduzir pelo inesperado. Recolha-se. Renove-se. Re. Em constância.

Mal sabemos quantas esquinas esperam o nosso olhar.

Por: Babiana Benites





Relaxa, dá largas à tua imaginação, identifica-te!