Podemos recomeçar exatamente de onde parámos? Sim, daquele dia em que os teus braços me seguravam com a toda a força do mundo, eu era a tua menina e era para sempre, lembras-te?
Do mesmo dia em que adormeci com o teu corpo a enroscar e a proteger o meu. Do mesmo dia em que acordei primeiro que tu e fiquei a contemplar cada traço do rosto, cada sinal do teu corpo, a forma como dormias silencioso, a tua respiração suave contra o meu peito.
Talvez eu tenha feito algumas coisas erradas, nunca fui perfeita e tu sabias isso desde o dia em que me conheceste, quando por mero acaso “protegeste” o meu melhor amigo de levar uma bofetada na cara, gostavas do perigo quando olhavas para mim, sabias que não seria fácil levar a melhor de mim, sabias que eu era fria e insensível.
“(…) porque tu despertavas o lado de mim que eu não queria que ninguém conhecesse (…)”
E eu ignorava-te a maioria das vezes, porque tu despertavas o lado de mim que eu não queria que ninguém conhecesse, o meu lado dócil, nunca tive tanto medo de me apaixonar como quando olhava os teus olhos. E o teu sorriso, alguém já te disse que tens o sorriso mais lindo do mundo?
Eu sei que fiz algumas coisas erradas, mesmo sem me dar conta, sei que fiz, sei que não foste embora apenas porque quiseste, sei que fui eu que te afastei, porque eu sempre fui assim. Ao contrário da maioria das raparigas, eu não sei atrair um rapaz, tenho tudo para atraí-los, o big ass, o olhar, o corpo, o estilo, a inteligência, a perspicácia, a personalidade forte, mas não uso as minhas qualidades a meu favor, geralmente olho ao meu redor com cinismo, de forma imperialista e ameaçadora, ao invés de aproximar as pessoas, tendo a intimidá-las.
“(…) mesmo quando te chegavas para mim e eu te empurrava, tu persististe e ficaste.”
Mas tu ficaste, mesmo quando eu demorava horas para te responder com um “ok”, mesmo quando eu te ignorava, mesmo quando te chegavas para mim e eu te empurrava, tu persististe e ficaste.
Nunca gostei de escrever cartas de amor, nunca gostei de escrever poesia, nunca chorei em filmes, nunca quis sentir-me fraca. Mas pela primeira vez aqui estou, nua como podes ver, sem forças, tento segurar cada peça do meu coração para que ele não quebre. Tenho medo de me sufocar com este sentimento e se tu fores embora realmente, serás o meu primeiro coração quebrado.
Então só te peço, podemos recomeçar de onde parámos? Deixa-me ser a tua segunda pele, deixa-me adormecer enroscada em ti e acordar para maravilhar-me com cada recanto do teu corpo, com cada sinal e cada traço delicado desse teu rosto de menino. Deixa-me sentir a tua respiração suave contra o meu peito e entender que o que me mantém viva, és tu.
“(…) mesmo com a certeza de que te vou mandar embora algumas (muitas) vezes.”
Podemos recomeçar de onde parámos? Mesmo com a certeza de que te deixarei à espera centenas de vezes, mesmo com a certeza de que sem intenção te vou magoar, mesmo com a certeza de que vou falhar quase sempre e dizer que te odeio, mesmo com a certeza de que te vou mandar embora algumas (muitas) vezes.
Podemos recomeçar de onde parámos? Não te prometo melhorar, porque tenho um feitiozinho de m3rd@, prometo-te que vou falhar, porque é de falhas que sou feita e é com essas mesmas falhas que te vou amar mais do que tudo.
“(…) estarei a torcer baixinho para que não dês ouvidos às minhas idiotices.”
Não importa quantas vezes diga que não te quero na minha vida, em cada uma delas, estarei a torcer baixinho para que não dês ouvidos às minhas idiotices.
De onde parámos? Volta, porque te amo.
Por: Letícia Brito