Sou estranha eu sei, mas gosto da minha estranheza. Sou diferente de todos e sou igual ao mesmo tempo, o que me define são os meus valores. No fundo, todos nascemos e crescemos perante os mesmos moldes. O que nos faz ser diferente, é a vida. Essa vida que tanto nos transforma e escreve o nosso caminho. Podemos ir para a esquerda ou para a direita, mas vamos chegar certamente onde devemos estar. Afinal viver a vida é como entrar numa rua em contramão, é ter sempre medo do que vem de frente.
Não devemos definir a nossa vida como boa ou má, podemos sim dizer que percorremos o nosso caminho.
Poucos são os que sabem a minha história, poucos são os que conhecem as minhas peripécias. E se hoje sou uma lutadora é simplesmente porque um dia tive de ir a luta. Uma luta, duas lutas, três lutas, … Foram essas lutas que definiram o meu carácter, foram elas que me ensinaram a ter cada vez mais força dia após dia.
Tornei-me menos egoísta no dia em que os meus pais se divorciaram, e tive de pensar que para sair daquele inferno eu tinha de garantir que à minha mãe e ao meu irmão nunca lhes iria faltar nada.
Tornei-me menos orgulhosa no dia em que tive de admitir a mim própria que estava cansada.
Tornei-me numa pessoa ainda mais positiva quando o meu avô me pediu para levar a boa disposição dele onde fosse possivel, e que ele estaria sempre a olhar por mim.
Tornei-me numa pessoa mais compreensivel no dia em que senti a vida de alguém me escapar por entre os dedos. Afinal se todos nos preocupassemos um pouco mais uns com os outros não haviam tantas pessoas a sofrer caladas.
Tornei-me numa pessoa muito mais sensível no dia que vi pessoas que ainda tinham uma vida pela frente a partirem, pessoas essas que guardo sempre no meu coração e que farei questão que nunca sejam esquecidas, porque para mim é impossivel esquecer.
Tornei-me numa pessoa muito mais objetiva no dia que tive de tomar decisões, por mais dificeis que elas tenham sido.
Tornei-me numa pessoa muito mais prática no dia em que percebi que melhor do que termos alguém do nosso lado, é procurar-mos a nossa felicidade dentro de nós próprios.
Tornei-me mais fria no dia que tive de afastar da minha vida as pessoas que não sabiam estar ao meu lado. Porque fácil é estar nos momentos bons, mas para mim, os importantes não são aqueles que estão nas minhas vitórias, mas sim os que vêm do fundo comigo.
Já experienciei todos os sentimentos, ja fiz planos e falhei, mas também já planeei e superei as expectativas. Já dei de mim a quem não soube receber, mas também já me surpreendi com pessoas. Já fui abandonada e esquecida por pessoas que jamais julguei que o fariam. Já chorei por alguém que não merecia as minhas lágrimas e já fiz chorar outras pessoas, mas orgulho-me de nunca ter pisado em ninguém. Orgulho-me de por onde eu ter passado, ter deixado sempre marcas positivas, deixo sempre uma imagem de força.
Já tive de passar por provas de fogo na minha vida e ainda aqui estou.
Não, não quero ser um exemplo de coragem para os outros, mas sim para mim. Metade daquilo que eu já passei sei bem que nem todos teriam coragem para ultrapassar da forma que eu ultrapassei, e é isso que me alimenta dia após dia. É saber que sou responsável pela minha alegria no dia de amanhã. É saber que o que sou hoje, fui eu que construí. E sei bem que um dia quando eu menos estiver à espera, a felicidade vai bater à porta e vai aparecer alguém digno de fazer esta jornada da vida lado a lado comigo.
Não exigo demais para mim, só exigo aquilo a que tenho direito. Nunca desisti, e nunca o irei fazer, até mesmo quando parecer impossível!
Por: Tânia Araújo