Acreditei durante muito tempo que um amor realmente curasse o outro. Era mais fácil desse jeito, agora eu sei disso. Quando eu sentia que estávamos próximos ao fim (sim, mulher sente essas coisas), já correspondia com mais interesse as investidas de outros caras, saía de casa olhando com mais atenção quem estivesse ao meu redor. Então o ciclo se repetia e, assim que ficava solteira, me forçava a sair com outras pessoas. Já dei conselhos desse tipo também: “Você tem que tentar. Sair pra desopilar, não pensar nele. No mínimo, você se diverte.” Afinal, havia dado certo pra mim a vida inteira.
Aprendi duas coisas nessa fase:
1. O placar não zera, só acumula.
Qualquer semelhança entre meu presente e passado já causava uma guerra numa proporção muito maior do que merecia. Eu trazia no peito feridas abertas, nas mãos os planos que nunca se concretizaram e despejava à queima roupa no primeiro que tivesse a oportunidade. Não era culpa dele não suprir essas expectativas, agora eu sei disso. Até porque, sinceramente, sequer haviam sido criadas para ele ou com ele. Isso era apenas eu impondo minhas vontades a um novo relacionamento devido ao fracasso do antigo.
2. Você pode até achar que driblou o sofrimento, que manteve seu coração intacto enquanto ocupava sua mente com outra história, mas a verdade é que a mágoa está ali, pronta pra se lançar ao menor sinal de perda.
Se nem eu priorizei a mim mesma, como poderia achar que outra pessoa pudesse fazê-lo? Ninguém sabia pelo o que eu havia passado e sentido. Só eu tinha o poder de me curar, mas enfrentar a si mesma sozinha pode ser um desafio mais assustador do que se imagina. A gente aprendeu a repulsar a solidão, que ser solteira é sinônimo de fracassada, que não estar apaixonada por alguém é se sentir vazia. É normal sentirmos medo de não termos outra chance ou deixarmos escapar mais um romance. É normal sentirmos pressa; o tempo não espera que nos recuperemos, como poderíamos desperdiçá-lo sem tentar outra vez?
Finalmente, eu entendi que o amor que traz cura é o próprio, não aquele destinado a outra pessoa. Eu precisava de tempo, eu precisava de mim. E quando me tive desfrutei da sensação de completude que tanta gente procura em outros corpos. Aprendi a me amar, me paparicar, priorizar minhas vontades, perdoar minhas falhas. Aprendi a lidar comigo, e não foi fácil. Às vezes, você precisa se reinventar, pois enquanto permanecer com as mesmas atitudes, não pode esperar por um desfecho diferente.
Você deve se perguntar “Qual a sua parcela de culpa naquilo que te faz infeliz?”, e não temer a resposta.
Por: Samantha Silvany @ Bendita Cuca