Sinto que num vida, já vivi tantas!
Olho para a minha mãe, e na mesma pessoa já conheci umas cinco pessoas diferentes. Não há ninguém como ela, e não o digo por ser minha mãe, mas pela capacidade que ela tem de ir arranjar forças não sei bem onde.
Será da minha cabeça? Sinto que vivi séries de três em três anos, e a única pessoa que continua na minha vida é ela… A minha mãe.
“Quando crescer quero ser assim!”
Nasci conhecendo uma Mãe tão feliz e despreocupada, lembro-me de olhar para os seus caracóis e os seus lábios pintados e pensar “Porque ela se arranja todos os dias? Quando crescer quero ser assim!”… Passados três anos, conheci uma mãe despreocupada com o seu batom, stressada e sempre preocupada com a nossa saúde, a viajar de norte a sul para salvar o filho.
Mais tarde, então conheci uma mãe que lhe faltava uma parte do coração… Perder um filho não tem descrição possível, não me vou alongar muito mais…
Mais tarde, conheci nesta Mãe, uma mulher que perdeu o marido, uma mulher que deixou de acreditar no amor, apenas em busca da felicidade das filhas.
Heis que três anos depois, perde mais uma parte do seu coração… Conheci outra mulher, nesta Mãe. Uma mulher que parece vazia, que parece fria, que parece feliz fora de casa… Mas dentro de casa esconde-se em todos os cantinhos por onde passa, para deitar uma lágrima.
Esta Mulher que já teve tudo, que já foi tão feliz, já viveu tantos momentos, tantas pessoas que lhe foram tiradas… E ela continua com o seu sorriso e a sua bondade…
Eu sou filha, mas ela é Mãe!!
Como? Como é que ela consegue?
Como é que ela aguenta? Como aguentou tanta perda? Como está o coração desta Mulher? Onde está a esperança desta Mãe? Onde vai ela buscar tanta força?
Até que alguém me disse: “é por ti…”
Por: Ana Sobral