Neste ano de 2024, o real brasileiro está entre as dez moedas globais que mais se desvalorizaram em relação ao dólar americano, conforme levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating.
A moeda brasileira apresentou uma queda de 11,4% até o dia 19 de junho, posicionando-se na quinta colocação no ranking das maiores desvalorizações do ano.
Desta forma, de toda a América Latina, o real foi a moeda com pior desempenho frente ao dólar, superando – para pior – até mesmo o peso argentino, que teve uma queda de 10,8%.
Essa variação negativa posicionou o real acima do peso argentino, que ocupava a quinta posição até o dia 13 de junho. Essa troca de posições reflete a volatilidade econômica na região.
Desempenho Global
O levantamento da Austin Rating analisou 118 moedas, sendo a naira nigeriana a que mais se desvalorizou, com uma queda de 41,3%.
Essa desvalorização significativa é atribuída à grave crise econômica enfrentada pela Nigéria, conforme relatado pelo The New York Times. Em seguida, a libra egípcia registrou uma queda de 35,2%, a libra sudanesa do Sudão do Sul, 29,9%, e o cedi ganês, 20,9%.
Ranking das Moedas que Mais Desvalorizaram
- Naira (Nigéria): -41,3%
- Libra (Egito): -35,2%
- Libra sudanesa (Sudão do Sul): -29,9%
- Cedi ganês (Gana): -20,9%
- Real (Brasil): -11,4%
- Peso (Argentina): -10,8%
- Iene (Japão): -10,4%
- Lira turca (Turquia): -9,2%
- Peso (México): -7,9%
- Peso (Colômbia): -7,1%
Fatores Contribuintes
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, aponta os altos juros nos Estados Unidos como um dos principais fatores para a desvalorização das moedas.
Investidores têm preferido alocar seus recursos em títulos do tesouro norte-americano, que são mais seguros, apesar da rentabilidade mais baixa em comparação com outros países, como o Brasil.
Além disso, os conflitos geopolíticos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e os ataques do grupo Hamas a Israel, têm exacerbado a instabilidade global, contribuindo para a desvalorização das moedas.
Impacto no Brasil
O Brasil, com seu cenário de taxas de juros elevadas e risco de descontrole fiscal, tem sido particularmente afetado. A falta de planos claros para controle de gastos públicos e privatizações preocupa os investidores, levando à retirada de recursos do país.
Programas de assistência social e aumento de gastos sem equilíbrio fiscal também elevam a inflação e, subsequentemente, as taxas de juros, impactando negativamente a economia.
A combinação desses fatores sugere um cenário de possíveis desafios econômicos para o Brasil, com risco de recessão similar ao ocorrido em 2015 e 2016. A manutenção da confiança dos investidores será crucial para mitigar esses efeitos e estabilizar a moeda.
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