Pelo segundo ano consecutivo, a Terra está mais perto do temido apocalipse. Isso por que, de acordo com o Boletim de Cientistas Atômicos, o famoso Relógio do Apocalipse – Doomsday Clock, em inglês -, mostra que faltam 90 segundos para a meia-noite, revelou o anúncio anual.
O boletim cita que a ameaça nuclear na guerra da Rússia contra a Ucrânia, o ataque de 7 de outubro em Israel, o agravamento das catástrofes climáticas e o perigo da inteligência artificial generativa aceleraram o relógio.
“Os focos de conflito em todo o mundo acarretam a ameaça de uma escalada nuclear, as alterações climáticas já estão a causar morte e destruição e as tecnologias disruptivas, como a IA e a investigação biológica, avançam mais rapidamente do que as suas salvaguardas”, afirmou Rachel Bronson, presidente e CEO do Boletim.
“No ano passado, expressamos uma preocupação acrescida ao passar o relógio para 90 segundos para a meia-noite, o mais próximo de uma catástrofe global que alguma vez esteve”, continuou. “Os riscos do ano passado continuam a ser inabaláveis e continuam a moldar este ano”.
A organização foi criada em 1945 por cientistas como J. Robert Oppenheimer e Albert Einstein, depois de verem os efeitos devastadores das armas nucleares dois anos antes, no final da Segunda Guerra Mundial, nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
O grupo criou o Relógio do Apocalipse (ou do Juízo Final) em 1947, como forma de simbolizar a proximidade e a probabilidade de a humanidade estar sujeita a uma catástrofe provocada por ameaças de origem dos próprios humanos.
O ponteiro dos minutos muda em resposta à evolução dos acontecimentos mundiais, com a meia-noite a representar o fim do mundo.
A definição inicial do relógio metafórico era de sete minutos para a meia-noite e, desde 1947, vamos nos aproximando da extinção.
Todos os anos, a nova posição do relógio é anunciada no final de janeiro pelo Conselho de Ciência e Segurança do Boletim, que é formada por um grupo de cientistas e especialistas mais proeminentes do mundo, com diversas formações.
Esse grupo científico reúne-se duas vezes por ano para debater acontecimentos, políticas e tendências, para obter os pontos de vista do Conselho de Patrocinadores do Boletim, que inclui premioados de Nobel.
O verdadeiro Relógio do Apocalipse está localizado nos escritórios do Bulletin, no átrio do Keller Center, sede da Harris School of Public Policy da Universidade de Chicago.
Os ponteiros do relógio do apocalipse moveram-se 25 vezes desde a sua criação, e nunca estivemos tão perto da “nossa morte.”
Uma mudança grande ocorreu em 1953, quando os EUA testaram o seu primeiro dispositivo termonuclear no âmbito da Operação Ivy. Depois de 2020, passamos de minutos para segundos.
Com todas as tensões entre líderes mundiais e a contínua negligência em relação às alterações climáticas, levou ao The Bulletin a concluir que o ajustamento de 2020 para 100 segundos era “a situação mais perigosa que a humanidade alguma vez enfrentou”.
Em 2023, perdemos mais 10 segundos, em grande parte devido à invasão da russa na Ucrânia, a retoma da retórica nuclear da Coreia do Norte, à crise climática e ao colapso das normas e instituições globais criadas para reduzir os riscos associados ao avanço das tecnologias e às ameaças biológicas como a COVID-19.
Em 2024, o relógio continuava a marcar 90 segundos para a meia-noite – o mais próximo do colapso global que alguma vez esteve – e, embora nenhuma alteração pudesse ser ligeiramente reconfortante, os cientistas avisaram que não era uma indicação de estabilidade.
O Bulletin também afirmou que o relógio poderia ser atrasado se os líderes e as nações trabalharem em conjunto e referiu especificamente os países poderosos que têm capacidade para isso, incluindo os EUA, a China e a Rússia.
Imagem de Capa: Canva/Bulletin Of The Atomic Scientists
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