A principal suspeita de envenenar um bolo que matou três pessoas da família, em Torres, Rio Grande do Sul, tinha como última publicação em seu perfil no Facebook reflexões sobre a morte.
Deise Moura dos Anjos, compartilhou um vídeo em julho de 2024 inspirado em um texto de Santo Agostinho, que trazia frases sobre a morte. De acordo com a publicação, é uma referência de uma cena da novela Bom Sucesso, da Rede Globo. O trecho da obra do santo foi lido pelo personagem Alberto (Antônio Fagundes) em uma conversa com Sofia (Valentina Vieira).
No entanto, o texto do post faz referência a veneno. Entre as cinco frases atribuídas a Santo Agostinho, uma delas dizia: “Reter o perdão é tomar veneno e esperar que aqueles que não foram perdoados morram”.
Em meio a mensagens que exaltavam o perdão, o cuidado com a alma e a verdade, Deise costumava compartilhar momentos em família nas redes sociais, demonstrando carinho pela enteada, pelo marido e pelo filho.
Formada em Gestão Financeira pela Universidade La Salle, ela trabalhou como auxiliar contábil e secretária executiva em empresas do Rio Grande do Sul e de Goiás.
Deise é casada com um dos filhos de Zeli dos Anjos, que foi quem preparou o bolo de Reis e continua internada em estado grave. O filho – e marido Deise, também comeu o bolo e chegou a precisar de atendimento médico, mas foi liberado.
O crime do bolo de Reis
A imagem de capa do perfil de Zeli no Facebook é uma fotografia do Natal de 2021. É possível ver na imagem o tradicional bolo de Reis que era preparado anualmente por Zeli para os natais em família.
Mas o bolo preparado por ela e servido no dia 23 de dezembro de 2024 para familiares matou três parentes dela. A polícia suspeita que a Zeli não sabia, mas a farinha usada teria sido envenenada com arsênio por Deise.
O crime ocorreu na véspera de Natal de 2024 e resultou na morte de duas irmãs e uma sobrinha de Zeli: a professora Maida Berenice Flores da Silva, 58; e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65. A filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Santos, 43, sobrinha de Zeli, também morreu após comer um pedaço do bolo. Uma criança da família está hospitalizada, assim como Zeli.
Segundo a investigação, Deise fez pesquisas na internet sobre “arsênio”, substância tóxica encontrada no bolo e no sangue das vítimas. A polícia descobriu estas informações após a extração de dados de seu celular.
A farinha utilizada na receita do bolo apresentava contaminação 2.700 vezes superior ao normal, segundo o Instituto-Geral de Perícias. Desta forma, determina que a presença do veneno não é considerada acidental.
A família aparentemente possuía uma convivência tharmoniosa, entretanto, o delegado Marcos Vinícius Muniz Veloso revelou que divergências de mais de 20 anos, abalaram a relação entre Deise e a sogra. Testemunhas relataram que os conflitos, inicialmente pequenos, envolveram disputas familiares nunca superadas.
No dia 5 de janeiro de 2025, Deise foi presa preventivamente pela Justiça do Rio Grande do Sul por 30 dias, com possibilidade de prorrogação. Em comunicado, seus advogados afirmaram que ainda não tiveram acesso integral ao inquérito e que se manifestarão em momento oportuno.
Imagem de Capa: Redes Sociais/Arquivo Pessoal