Em meio à crescente urbanização e modernização da China, as antigas técnicas de construção estão ganhando nova relevância. Portanto, uma dessas práticas ancestrais, vem chamando atenção.
Como uma alternativa sustentável ao ar-condicionado, especialmente em regiões quentes e úmidas, tem sido utilizado os pátios internos para resfriamento natural.
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A arquitetura tradicional chinesa, que inclui esses pátios, conhecidos como “tiān jing” (天井, em mandarim, “poço para o céu”), oferece uma solução inteligente e ecológica para o controle de temperatura em ambientes residenciais.
Os pátios internos foram projetados para facilitar a ventilação e assim, promover o resfriamento das casas em um tempo anterior à invenção de sistemas de ar-condicionado.
Localizados no centro das residências e cercados por cômodos, esses pátios criam um fluxo natural de ar.
Portanto, quando o vento sopra sobre o pátio, o ar mais fresco entra pela abertura no teto e desce pelas paredes. Dessa forma, substituindo o ar quente, que é expelido pela abertura superior, num efeito similar ao de uma chaminé.
De acordo com um estudo, realizado em duas aldeias tradicionais de Huizhou, revelou que, devido ao processo de resfriamento evaporativo, a temperatura no interior dos pátios podia ser até 4,3°C menor do que no exterior.
Isso ocorre devido à água acumulada nos pátios, que, ao evaporar, resfria o ambiente de maneira natural e eficiente.
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Renascimento da arquitetura tradicional
Com o rápido crescimento das cidades chinesas e a demanda por habitações modernas, muitos dos antigos pátios internos caíram em desuso. No entanto, nas últimas duas décadas, a arquitetura tradicional voltou a ganhar destaque.
Dessa maneira, sendo impulsionada por um ressurgimento da cultura tradicional e pelo incentivo governamental à construção de edifícios sustentáveis e de baixo carbono.
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Desafios e futuro da arquitetura sustentável
Apesar das vantagens ambientais e do resgate cultural, a aplicação dos princípios dos pátios internos em construções contemporâneas apresenta desafios.
Cada pátio foi projetado de acordo com o clima e as condições naturais de sua região, exigindo uma adaptação cuidadosa ao contexto de cada projeto moderno.
Desta forma, a arquitetura tradicional chinesa oferece uma valiosa lição sobre como podemos projetar casas que se integram melhor ao ambiente natural. Portanto, ao recuperar essas práticas, a China não só preserva sua herança cultural, como também promove um futuro mais sustentável.
Arquitetos e restauradores têm buscado inspiração nos princípios dos pátios internos para projetar construções que utilizem menos energia. Em algumas regiões da China, restauradores têm recuperado muitas casas históricas com pátios internos. Assim, preservando o fluxo natural de ar e a iluminação que esses espaços proporcionam.
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A adaptação dos pátios internos em construções modernas também vem se alinhando com a crescente demanda por sustentabilidade no setor de construção.
Um exemplo é o Centro Nacional de Pesquisa de Tecnologia de Engenharia de Veículos Pesados, em Jinan, que incorpora um grande “poço para o céu” no seu design para aumentar a ventilação e a iluminação natural, reduzindo o consumo de energia.
Essa abordagem, conhecida como refrigeração passiva, utiliza o design arquitetônico para controlar a temperatura dos edifícios sem a necessidade de sistemas elétricos de resfriamento.
Imagem de Capa: Edward Gawne