Vamos falar desse relacionamento que você vem arrastando há tanto tempo? Hum, sei que o assunto é chato, mas até quando você pretende fugir dele? Aliás, como fugir de algo que a incomoda tempo inteiro, roubando o seu sorriso e soterrando a sua autoestima? Responda-me: você já decidiu se vai manter-se enterrada viva ou se vai tentar sair dessa sepultura? Você sabe que a decisão é somente sua, não é?
Sabe muito bem que por mais que existam pessoas preocupadas em ajudá-la, somente você poderá resgatar-se desse cativeiro. Conte-me sobre essa realidade de ter uma pessoa apenas para entristecê-la. Pode chorar, não se constranja, estou aqui para acolhê-la. Fale-me o que sente ao ver os casais que se respeitam e se tratam com afeto. Sente-se diminuída e profundamente ressentida, não é mesmo? Talvez você se pergunte: porque ele não me trata bem assim? Por que ele não usa esse tom de voz afetuoso comigo?
“(…) tão intensa que chega a transbordar, vivendo reclusa nesse cativeiro, alimentando-se dessas migalhas miseráveis, alimento de formiga.”
Você percebe que tudo aquilo que idealizou num relacionamento amoroso está bem distante da sua realidade. Em seu cotidiano não existem frases triviais como “bom dia, meu amor”,”eu te amo”, “você está linda”, “tenho muito orgulho de você”, “obrigado por estar comigo”. Não existe beijo de boa noite, nem “estou com saudades”. E você sente falta, muita falta. Como pode você estar passando por isso? Logo você, tão intensa que chega a transbordar, vivendo reclusa nesse cativeiro, alimentando-se dessas migalhas miseráveis, alimento de formiga.
Logo você, que sempre foi tão espontânea e sorridente, agora vive com esse olhar embaçado, completamente sem brilho. Você se consome nas noites de insônia, vendo os seus dias passarem e se perguntando diante do espelho: meu Deus, eu vou ter que me conformar com essa situação? O pior de tudo é esse conflito que você vive. Você sabe do seu potencial, você sabe da bagagem que carrega na alma e tem consciência de que pode ser o sonho de consumo de alguém. Você tem muito amor para dar, você transborda carinho, sua libido é efervescente, você é engraçada e uma ótima companhia, mas está aí ao lado de alguém que além de não reconhecer nada disso, faz questão de adoecer cada virtude sua.
Imagino a sua frustração ao andar pelas ruas e perceber o quanto desperta a atenção de outros homens, enquanto sente-se invisível aos olhos do seu parceiro. É um desperdício muito grande, não é mesmo? Enquanto isso, você vai vivendo os seus dias alternando tristeza e amargura, ressentimento e arrependimento, desânimo e irritabilidade. Pode ser que você alterne também um sentimento de muita raiva por você mesma por ter permitido que a situação chegasse a esse ponto.
“Acredito que ainda há salvação para você.”
Você atravessa algumas noites pensando e criando coragem para tomar uma atitude de sair dessa relação, daí amanhece o dia e você sente-se, outra vez, acovardada. Responda-me: que prejuízo você terá ao sair de um relacionamento que não te acrescenta nada de positivo e que ainda rouba o seu entusiasmo? Qual o seu receio? Sabe, existem pessoas que já se acostumaram com a infelicidade, elas já chutaram o balde e decidiram que vai viver essa tragédia de relacionamento e pronto, seja por preguiça ou por qualquer outra razão. Mas você não chegou nesse nível ainda, você ainda se incomoda, chora, e sente angústia. Acredito que ainda há salvação para você. É possível você pular dessa barca furada. Você acha que tenho razão? Tomara que sim.
Por: Ivonete Rosa