Em São Paulo, mais especificamente na região do Tatuapé, a presença de aves como periquitos e maritacas fazem parte do cotidiano dos moradores. Dessa forma, um idoso encantador de aves e como ele estabeleceu uma relação especial com um grupo de maritacas.
Portanto, todos os dias, as aves fazem sua parada obrigatória na casa de Florêncio Lopez Fernandes. O “Florêncio Maritaca”, um espanhol de 84 anos, alimenta 2 vezes por dia dezenas de aves pela sua janela com sementes de girassol.
A amizade de Florêncio com as aves começou em 2015, quando dois periquitos começaram a pousar diariamente em sua janela para se alimentar dos restos de comida que ele gentilmente deixava ali. Esses dois periquitos se multiplicaram, e, dois anos depois, havia quatro deles.
No entanto, logo perderam espaço para as maritacas, que chegaram em maior número. “Os periquitos eram menorzinhos e comiam mais devagar. Logo as maritacas, que são maiores, descobriram a boquinha e começaram a vir em bando. Nunca mais foram embora”, conta Florêncio.
Hoje, o grupo de maritacas que visita Florêncio diariamente é composto por mais de cem aves, conforme as contas do próprio idoso. Essas aves se tornaram uma parte essencial de sua rotina, e, curiosamente, seu despertador natural. Ele menciona que, nos dias de chuva, quando as maritacas não aparecem, ele fica até um pouco triste.
🚨BRASIL: Maritacas aparecem todos os dias para comer na casa de idoso em São Paulo. Florêncio, de 84 anos, é solteiro, sem filhos e conta que as aves são sua família:
“É uma satisfação enorme alimentar esses pássaros. Eles são a minha família de asas. São inteligentes e… pic.twitter.com/fpCgPce3Rh
— CHOQUEI (@choquei) October 9, 2023
O caminho de Florêncio
Nascido em Córdoba, na Espanha, Florêncio migrou para a América aos 12 anos, em 1952, juntamente com seus pais e uma irmã. Sua jornada incluiu 12 dias em um navio, no porão, até chegar ao porto de Santos, no litoral paulista.
No Brasil, ele ganhou a vida como artesão e chegou a possuir uma fábrica de gravação de cristais e vidros, que foi fechada devido à sua saúde e idade avançada.
Vivendo praticamente sozinho, Florêncio recebe a assistência de dois sobrinhos que ligam diariamente para verificar seu bem-estar. Sua conexão com as maritacas é, de certa forma, uma fonte de companhia constante.
Embora Florêncio nunca tenha estudado veterinária ou biologia, ele adquiriu um profundo entendimento do ciclo de vida das maritacas por meio de sua observação e proximidade com as aves.
“São pássaros que duram mais de 50 anos. Nessa época de fim de ano, outubro, novembro e dezembro, é época do acasalamento. Lá para janeiro, fevereiro, nascem os filhotinhos. Geralmente cada ave dá uns dois filhotes. E eles começam a vir comer devagarinho. A primeira vez, o pai ou a mãe vêm e comem, enquanto eles ficam no fio esperando. Os pais comem e depois levam para eles o girassol já aberto, porque eles ainda não têm força no bico para abrir [a semente]”, compartilha.
Para conquistar as novas gerações de maritacas, Florêncio tem uma estratégia simples, mas eficaz: “Eu geralmente abro as sementes com um alicate e deixo separado na minha mão. Os grandes vêm e comem rápido, mas os mais novos sabem que o que é deles já está reservado. Eles comem devagarinho, mas chegam com a certeza que não vão sair de barriga vazia.”
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